Seminário Nacional reforça luta pelos empregos e direitos no Santander e Real

A luta para conquistar garantia de emprego por três anos foi reforçada pelo Seminário Nacional dos Dirigentes Sindicais do Santander e Real, promovido pela Contraf-CUT e encerrado nesta sexta-feira, dia 5, em Atibaia, interior de São Paulo. Os 95 participantes de todo o País definiram um conjunto de propostas para organizar os funcionários dos dois bancos e dialogar com a sociedade. Somente com mobilização será possível barrar o processo de demissões e preservar os direitos dos trabalhadores.

“O encontro foi uma afirmamação da importância da unidade e de um movimento nacional dos trabalhadores na defesa do emprego”, avalia Marcelo Gonçalves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados do Real da Contraf/CUT (COE Real). “Foram mais de 90 dirigentes trazendo a realidade dos trabalhdores de sua cidade, seu estado, sua região. Isso ajuda a construir a unidade que será necessária para enfrentar o poder econômico do Grupo Santander, que atua no mundo todo. Os trabalhadores estão juntosconstruindo a cada dia essa unidade”, conclui.

Mario Raia, coordenador da COE Santander da Contraf/CUT, também comemorou a abrangência do encontro, que teve participação de dirigentes de todo o país. “Foi um encontro esclarecedor para que as pessoas conhecessem algumas características de banco a banco, como as questões relativas aos fundos de pensão, que são bem diferentes. Houve uma troca de conhecimento importante e creio que os dirigentes sairam motivados para lutar defender os direitos dos trabalhadores nesse processo de fusão”, avalia.

A defesa do emprego é prioridade. Somente em São Paulo mais de mil funcionários dos dois bancos foram dispensados sem justa causa em 2008. Além disso, quase o mesmo número de trabalhadores pediu desligamento, muitos por não agüentarem a pressão pelo atingimento das metas abusivas do banco. “Desde 2000, quando o Santander adquiriu o Banespa, mais de 22 mil empregados já foram demitidos. É como se um banco inteiro tivesse sido fechado e os bancários mandados embora”, comparou a diretora do Sindicato dos Bancários de Sã Paulo, Rita Berlofa.

Na defesa da garantia de emprego e da manutenção dos direitos dos funcionários da ativa e aposentados, os dirigentes sindicais planejaram diversas ações integradas, com reuniões nos locais de trabalho, plenárias estaduais, campanhas de mídia, jornal unificado e um novo encontro nacional em outubro, visando intensificar a mobilização e forçar negociações para obter conquistas. Também serão retomados os contatos com o governo Lula e o Congresso Nacional, a exemplo da jornada nacional de luta em 2007, para que também pressionem o banco espanhol.

“Vamos dialogar com os bancários, os clientes e a sociedade, mostrando a verdadeira cara do Santander e buscando apoio para manter empregos e direitos. Se o banco espanhol quiser mesmo crescer no Brasil, o caminho é preservar os postos de trabalho, abrir novas agências e ampliar o número de empregados nas unidades para melhorar o atendimento aos clientes”, salienta o funcionário do Santander e diretor do Sindicato dos Bancários de POrto Alegre e da Afubesp, Ademir Wiederkehr.

Aditivo prorrogado

O Santander prorrogou a validade do aditivo à convenção coletiva até o dia 30 de setembro. O acordo havia vencido no dia 31 de agosto. Agora, as entidades sindicais iniciar as negociações da pauta específica de reivindicações, visando a renovação do aditivo e a sua extensão aos empregados do Real. A minuta foi entregue no último dia 14 de agosto para o banco.

“Queremos negociações específicas de forma simultânea às discussões da minuta da categoria com a Fenaban, mas até agora o banco não se manifestou”, afirma a funcionária do Real e diretora do SindBancários, Natalina Gue. “É preciso assegurar garantia de emprego e estender direitos para todos os empregados dos dois bancos, como a não-compensação da renda variável na PLR e o Programa de Participação nos Resultados (PPR)”, destaca a dirigente sindical.

Negociação quinta

Na próxima quinta-feira, dia 11, ocorre a primeira negociação sobre o processo de fusão, entre as entidades sindicais e as Comissões de Organização dos Empregados (COEs) do Santander e Real com os negociadores dos dois bancos designados pelo presidente do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa, durante reunião ocorrida no dia 25 de agosto.

Ficou definido que serão pontuados os problemas decorrentes da fusão e apresentadas propostas de soluções. Participarão, além dos representantes dos trabalhadores, Gilberto Trazzi Canteras e Jerônimo Tadeu dos Anjos, responsáveis pelos departamentos de recursos humanos do Santander e Real, respectivamente. Barbosa comprometeu-se em manter negociações permanentes com os trabalhadores, durante todo o processo de fusão.

“Os bancários dos dois bancos querem ter voz e vez e mostrar que os seus empregos e direitos têm que ser respeitados”, afirma a funcionário do Santander e diretor da Contraf-CUT e do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Paulo Stekel. “Queremos acompanhar cada etapa da fusão e evitar que haja qualquer prejuízo para os trabalhadores”, defende.

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