O seminário que a Contraf/CUT está realizando em São Paulo em preparação à 10ª Conferência Nacional discutiu em seu segundo dia, nesta quinta-feira 3 de julho, dois temas: a conjuntura econômica e política em que a campanha salarial deste ano se desenvolverá e como incluir na Convenção Nacional as diversas formas e remuneração total (a parte fixa mais a variável) praticadas pelos bancos, hoje impostas unilateralmente a seus funcionários.
Do debate sobre conjuntura, realizado na parte da manhã, participaram o presidente da Contraf/CUT, Vagner Freitas, o economista Cícero Péricles, professor da Universidade Federal de Alagoas, e o deputado federal Ricardo Berzoini, ex-presidente da CNB/CUT e do Sindicato de São Paulo.
Predominou no debate a convicção de que a campanha salarial deste ano se dará em uma conjuntura econômica mais difícil que a do ano passado, em razão sobretudo da perspectiva de aumento da inflação e dos possíveis impactos no Brasil da crise financeira que atinge os Estados Unidos e se espraia por outros países da Europa.
Encarar o desafio da remuneração total
A parte da tarde do segundo dia do seminário da Contraf/CUT foi dedicada à discussão da remuneração variável dos bancários. A economista Ana Carolina apresentou estudo do Dieese com um histórico sobre os modelos de remuneração do trabalho desde o fordismo-taylorismo até a instituição da PLR dos complexos programas específicos que praticamente todos os bancos já aplicam há vários anos.
Não houve apresentação de proposta concreta, mas prevaleceu o entendimento de que os sindicatos precisam efetivamente fazer essa discussão para buscar uma solução para esse problema, que os bancários enfrentam diariamente nos bancos. E não podemos mais fugir do tema e fingir que o problema não existe.
Veja abaixo alguns quadros do estudo do Dieese.
Remuneração fixa x PLR
Essa foi a composição da remuneração total dos bancários nos três maiores bancos brasileiros em 2007:
. |
Banco do Brasil |
Bradesco |
Itaú |
Remuneração |
3.556.051 |
3.133.480 |
3.130.294 |
Encargos |
1.340.164 |
1.147.386 |
919.633 |
Benefícios |
1.408.535 |
1.365.630 |
805.534 |
Treinamento |
72.105 |
75.262 |
78.570 |
Processos |
915.280 |
326.968 |
479.343 |
PLR |
646.356 |
520.816 |
616.001 |
PLR/Remuner. |
18,18% |
16,62% |
19,68% |
A evolução da PLR dos bancários
1995 |
72% salário mais R$ 200 |
(teto) |
1996 |
60% salário mais R$ 270 |
– |
1997 |
80% salário mais R$ 300 |
2 salários |
1998 |
80% salário mais R$ 300 |
R$ 3.000 |
1999 |
72% salário mais R$ 400 |
R$ 3.000 |
2000 |
80% salário mais R$ 450 |
R$ 3.250 |
2001 |
80% salário mais R$ 500 |
R$ 3.800 |
2002 |
80% salário mais R$ 550 |
R$ 4.100 |
2003 |
80% salário mais R$ 650 |
R$ 4.617 |
2004 |
80% salário mais R$ 705 |
R$ 5.010 |
2005 |
80% salário mais R$ 800 |
R$ 5.310 |
2006 |
80% salário mais R$ 828 |
R$ 5.496 |
2007 |
80% salário mais R$ 878 |
R$ 5.826 |
Como são a PLR e a PPR em cada banco
– Banco Itaú – 2 salários c/ teto + parcela adicional R$ 1.800 + PCR R$ 1.500.
– Bradesco – 2 salários c/ teto + parcela adicional R$ 1.800
– Unibanco – 2 salários + parcela adicional R$ 1.300
– Banco ABN AMRO REAL – Regra Básica (46%) + parcela adicional R$ 1.800
– Santander Banespa – Regra Básica (6,77%) + parcela adicional R$ 1.800, não desconto do programa próprio.
– Nossa Caixa – Regra Básica + parcela adicional de R$ 600
Bancos Públicos Federais
– Caixa Econômica Federal: 4100 (não comissionados) 4.362 (comissionados) + 600
– Banco do Brasil: 81,68% + 878 + 4% do L.L.