(São Paulo) Washington Luiz Ferreira, de 35 anos, pai de duas crianças, teve um ataque cardíaco na quadra de futebol da Cidade de Deus, na última quinta-feira (03/5). Sem uma ambulância no local, o socorro demorou meia hora para chegar e encontrou o bancário já sem vida. Os dirigentes João Paulo da Silva, do Sindicato dos Bancários, e Benedito Boseli, da Fetec/CUT-SP, conversaram com os bancários. “O pessoal tentou salvar a vida dele, foram entre 10 e 15 minutos de agonia, mas não teve jeito. Se a concentração tivesse um paramédico e uma ambulância equipada, como sempre reivindicamos, talvez este colega ainda estivesse vivo”, revoltam-se. Washington trabalhava no departamento do Patrimônio, na Gestão de Serviços, Contratos e Qualidade.
Desde que o Bradesco retirou a ambulância da Cidade de Deus, nos anos 1990, o Sindicato e os bancários do local reivindicam a volta do equipamento essencial para atender às emergências, que acontecem com freqüência num local onde trabalham mais de dez mil pessoas. Quando acontece algum problema que exige intervenção médica, tornou-se comum ter que contar com carros particulares de colegas – sem as mínimas condições necessárias ao atendimento – para o transporte até os hospitais próximos.
O Bradesco sempre ignorou a reivindicação, repetida ano após ano pelos diretores do Sindicato e pelos cipeiros apoiados pela entidade. A direção do banco se defende afirmando que tem convênio com o hospital Cruzeiro do Sul, mas a ambulância deste hospital chega a demorar quase meia hora para atender ao chamado. Isso aconteceu recentemente no prédio do Telebanco e no Novíssimo. O destino, infelizmente, acabou mostrando que o Sindicato tinha razão.
Porta trancada
Outros problemas, além da falta de ambulância, prejudicaram o atendimento ao bancário. Um motociclista enviado para prestar os primeiros socorros perdeu muito tempo tentando entrar no setor esportivo do complexo porque o portão das piscinas estava trancado e ninguém sabia dizer onde estava a chave do cadeado.
“Isso demonstra a falta de preparo do complexo para situações de emergência”, atesta o dirigente Benedito Boseli, que lembra: em Alphaville os bancários enfrentam um problema idêntico. “Lá também tiraram a ambulância nos anos 1990 e o pessoal continua descoberto até hoje. Será que o Bradesco vai esperar acontecer outra desgraça para tomar uma atitude?”, questiona.
Fonte: Ricardo Negrão, Seeb SP