Ben Hall, Financial Times, de Paris
O governo francês está propondo três opções para impor limites às gratificações concedidas aos executivos de bancos, que incluem um imposto direcionado e um limite compulsório sobre bonificações como uma parcela dos lucros, que ele quer que os líderes do G-20 discutam no seu encontro de cúpula no fim do mês.
O presidente Nicolas Sarkozy impôs as mais rígidas restrições sobre gratificações de executivos de bancos e corretoras de valores entre os países do G-20 – assegurando que 50% das gratificações sejam diferidas ao longo de três anos e pagas somente com base em desempenho – e disse que instará outros governos a fazerem o mesmo. Mas ele insistiu também que o encontro de líderes de Pittsburgh vá além e discuta um limite geral.
Christine Lagarde, a ministra das Finanças, delineará as propostas numa reunião de ministros das Finanças do G-20 que acontecerá em Londres, na sexta-feira. Ela também informará seus pares na União Europeia em Bruxelas, hoje.
A França quer que o G-20 discuta três opções: que um coeficiente máximo do resultado operacional bruto de um banco seja destinado a remuneração variável; um imposto especial cobrado do setor financeiro, cujas receitas seriam transferidas a programas nacionais para garantir depósitos de bancos de varejo; e um limite claro a gratificações em termos de valor.
Sarkozy falou na semana passada sobre o “escândalo das gratificações”, quando impôs inúmeras medidas restritivas aos bancos franceses. A posição relembra a sua ameaça de se retirar do encontro de cúpula de Londres em abril, a menos que o G-20 concordasse em impor restrições aos paraísos fiscais. O presidente francês prevaleceu.
“Estamos interessados em declarações do G-20 que sejam tão rigorosas a respeito das gratificações como foram na questão dos paraísos fiscais em abril”, disse uma autoridade.
Apelos pela imposição de um limite claro sobre gratificações deverão ser recebidos com forte resistência, particularmente vinda dos EUA e Reino Unido. Autoridades francesas reconhecem que não existe nenhum apetite nos EUA para restrições compulsórias sobre gratificações que seriam aplicadas a todas as instituições.
Gordon Brown, o premiê do Reino Unido, disse ao “Financial Times” nesta semana que a imposição de um limite máximo às gratificações seria “muito difícil num ambiente internacional”. Ele acrescentou: “Existe também um debate legítimo que devemos conduzir sobre qual seria a parcela apropriada de gratificações e, efetivamente, do tipo de remuneração, como porcentagem do resultado e dos lucros de uma companhia”.
A opção preferida da França parece ser um coeficiente máximo do resultado operacional bruto a ser distribuído em remuneração variável a executivos de bancos. Uma autoridade do alto escalão sugeriu um teto de 20% a 30%.