Os bancários de São Paulo iniciaram a quarta-feira 22 distribuindo por São Paulo, Osasco e região o Jornal do Cliente que fala sobre o projeto que libera a terceirização para todas as atividades das empresas. Os atos fazem parte da mobilização nacional contra o projeto de lei 4330/2004, o PL da terceirização que tem votação de destaques prevista para a tarde desta quarta, na Câmara dos Deputados.
“Sou contra esse projeto porque sei que vai ser daí para pior”, disse Danuzia Souza, 47 anos, autônoma, uma das pessoas que pegaram um exemplar do jornal.
Ao ver as fotos e nomes dos deputados que foram favoráveis ao projeto em sua primeira votação, em 8 de abril, muitos se surpreenderam. “Esse projeto só favorece patrões e prejudica trabalhadores, é horrível saber que de certa forma contribuí para isso, a gente acreditou neles. Mas eles esconderam isso de nós nas eleições”, comentou Abraão Silva, 18, ator, ao saber que o deputado em quem votou deu “sim” à terceirização.
Diversos trabalhadores fizeram questão de levar o Jornal do Cliente para familiares e amigos. Foi o caso de Maria de Lourdez Aureliano, 56 anos, autônoma: “Vou levar o jornal para que o pessoal veja. Os deputados tinham que se preocupar em criar mais emprego e não em cortar nossos direitos”.
Desde cedo, dirigentes do Sindicato estão nas ruas distribuindo o Jornal do Cliente, que orienta a população sobre os riscos do PL da Terceirização e como fazer para protestar: os atos acontecem na Praça do Patriarca (e centro velho da capital), na Avenida Paulista, zonas norte, sul e oeste, no calçadão de Osasco e a partir das 16h a mobilização será na zona leste. “Esse projeto vai beneficiar a minoria que tem poder, é uma escravatura moderna, querem diminuir o pouco que conquistamos”, definiu Alan Teixeira, 20, estudante, que passou pelo ato realizado no centro da capital.
“Enquanto os trabalhadores tentam frear o projeto de lei que rasga a carteira profissional e a CLT, podemos ver representantes dos empresários veiculando publicidades nos horários nobres da televisão brasileira para defender a terceirização. Este é o caso do Paulo Skaf da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). Tudo isso não passa de uma enganação para retirar direitos do trabalhador enquanto os empresários lucrarão ainda mais”, diz a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
Manifestações pelo Brasil contra o PL4330
Além da distribuição do Jornal do Cliente em São Paulo, há mobilizações em todo o país, promovidas pela CUT. Em Brasília, sindicalistas e militantes estarão em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados, a partir das 15h. Pela manhã, realizaram um ato na área de desembarque do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Os manifestantes diziam “não à retirada de direitos, não à precarização” enquanto entregavam panfletos aos passageiros.
Na Bahia teve manifestação no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador. A mobilização começou por volta das 5h e durou cerca de duas horas.
No Ceará também teve protesto nesta manhã, das 5h às 6h30, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza.
Em Pernambuco a mobilização começou às 5h na Estação Central do Metrô e no Aeroporto, no Recife.
Protestos contra a terceirização também no Rio Grande do Sul, no saguão de embarque do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Teve ato também em Rondônia. Em Porto Velho começou às 23h de terça-feira 21 e foi até as 13h, com distribuição de panfleto em vários locais da cidade, com apoio do Ministério do Superior Tribunal do Trabalho (MST), da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e Ordem dos Advogados (OAB). Dois deputados, Lindomar Garçon (PMDB) e Nilton Capixaba (PTB), receberam das mãos dos militantes panfletos que estavam as fotos deles.
A manifestação em Sergipe ocorreu no Aeroporto de Santa Maria logo pela manhã. Em seguida, o grupo foi em direção ao Bairro São José, onde protestaram na porta de uma empresa terceirizada, que pertence a um dos deputados.