O Santander Brasil obteve lucro líquido gerencial de R$ 4,328 bilhões nos nove primeiros meses de 2014, o que significou uma queda de 0,2% (praticamente estável) em relação ao mesmo período do ano passado. Já o resultado do terceiro trimestre atingiu R$ 1,494 bilhão, um crescimento de 1,9% em comparação aos mesmos três meses de 2013. Os dados foram divulgados pelo banco na manhã desta terça-feira (4).
Com isso, o Brasil participa com 20% do lucro global do banco espanhol de 4,361 bilhões de euros, um crescimento de 32% em relação aos primeiros nove meses de 2013. No terceiro trimestre do ano passado, o país havia contribuído com 24%, conforme análise feita pelo Dieese.
A queda ocorreu em toda a América Latina, que caiu de 49% para 39%, enquanto houve uma recuperação na Europa Continental, subindo de 25% para 32%. Mesmo assim, o Brasil lidera ao lado do Reino Unido a participação no lucro do Santander, seguidos pela Espanha (14%), Estados Unidos (9%), México (8%), Chile (6%), Polônia (6%) e Alemanha (4%).
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“Essa grande participação do Brasil no lucro mundial do Santander é fruto do empenho e dedicação dos funcionários, que precisam ser mais respeitados e valorizados pelo banco. Para tanto, é fundamental a melhoria das condições de trabalho e o atendimento da pauta específica de reivindicações, que se encontra em negociação com o banco para a renovação do acordo aditivo à convenção coletiva”, destaca o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Corte de 1.097 empregos em um ano
O número de empregados da holding, em setembro de 2014, caiu para 49.421 ante 50.578 em setembro de 2013 (queda de 2,3%). Isso porque nos últimos 12 meses o banco eliminou 1.097 postos de trabalho, sendo 140 em 2014. O fato positivo é que no terceiro trimestre houve uma geração de 721 empregos.
“Esperamos que o Santander contrate mais funcionários e pare de demitir, uma vez que existe muita carência de pessoal, especialmente na rede de agências. Prova disso é a existência de caixas volantes e a enorme sobrecarga de trabalho”, afirma o secretário de Imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.
O banco fechou 129 agências e 105 PABs nos últimos 12 meses. No entanto, apesar dessa redução de pontos de atendimento, a carteira de clientes cresceu significativamente. Conforme o estudo do Dieese, o total de clientes aumentou 1,8 milhão em um ano, sendo 426 mil apenas nos primeiros nove meses do ano.
“Isso mostra que cada vez mais clientes são atendidos por menos funcionários, o que aumenta a pressão no trabalho, gerando mais estresse, adoecimentos e afastamentos de trabalhadores”, salienta Ademir. Para ele, “esses dados reforçam ainda mais a luta das entidades sindicais por mais empregos e melhores condições de trabalho”, enfatiza.
Mais crédito
Conforme o Dieese, o retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) ficou em 11,4%, com crescimento de 0,3 ponto percentual em 12 meses.
A Carteira de Crédito Ampliada cresceu 7,5% em 12 meses, atingindo um montante de R$ 293,1 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 4,2% em relação a março de 2013, chegando a R$ 76,7 bilhões (26,2% do total do crédito).
Já as operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 121,3 bilhões, com queda de 9,8% no segmento de pequenas e médias empresas e alta de 16,7% no segmento de grandes empresas, em comparação aos nove primeiros meses de 2013 (41,4% do total).
Do total da carteira de crédito, R$ 36,5 bilhões (ou 12,5% da carteira total) são gerados pelos correspondentes bancários. A carteira de “financiamento ao consumo” apresentou queda de 0,6% em 12 meses.
O índice de inadimplência superior a 90 dias apresentou queda de 0,8 ponto percentual, ficando em 3,7% em setembro de 2014 (-0,4 ponto percentual no trimestre). Com isso, foram reduzidas as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) em 21,7%, totalizando R$ 7,2 bilhões.
Receita de tarifas x Despesas de pessoal
A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceu 3,2% em 12 meses, totalizando R$ 8,0 bilhões. Enquanto isso, as despesas de pessoal subiram 2,2%, atingindo R$ 5,4 bilhões.
A cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 149,34%, em setembro de 2014. “Ou seja, o banco paga a folha de pagamento do mês e ainda sobra outra metade dessa receita para pagar a folha do mês seguinte”, compara o diretor da Contraf-CUT.