A falta de compromisso das instituições financeiras com a segurança provocou uma escalada na ocorrência de roubos a banco na cidade de São Paulo no terceiro trimestre deste ano. Segundo dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública, entre julho e setembro foram registrados 41 casos somente na capital, número 41% maior que o verificado no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 29 assaltos.
Os números ainda mostram que os roubos a banco aumentaram também no interior do Estado, embora em proporções muito menores. No terceiro trimestre de 2007, foram registrados 58 casos, que saltaram para 61 no mesmo período deste ano, um crescimento de 5%.
Para o diretor do Sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e região, Daniel Reis, a insegurança vem aumentando por causa dos problemas que os bancários denunciam há muito tempo e que permanecem sem soluções.
“As agências são muito vulneráveis, porque os bancos não querem instalar as portas giratórias com detector de metais. As empresas preferem deixar o layout das agências bonito e a segurança fica num segundo plano. Além disso, o número de contratações de carro forte tem diminuído, o que quer dizer que os bancos preferem deixar o dinheiro nas agências. Essas opções têm soado como um convite aos bandidos, além do baixo número de vigilantes, que não têm treinamento suficiente. Já passou da hora de os bancos pararem de brincar com a vida das pessoas e investir em segurança”, diz.
Numa prova de que os bancos não estão nem aí com a vida de clientes e funcionários, a Comissão Consultiva para Assunto de Segurança Privada do Ministério da Justiça autuou na quarta, dia 10, as instituições financeiras por desrespeito às normas de seguranças em mais de R$ 3 milhões. Na última reunião ocorrida em setembro o montante das multas já havia ultrapassado os R$ 2,5 milhões. O campeão da vez é o Bradesco, seguido por Caixa Federal, Unibanco, Santander, Itaú, Nossa Caixa, Real, Banco do Brasil, HSBC e Safra.
“Desde 1995, os bancários participam desta Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Pública. Por meio deste órgão, temos constatado um aumento significativo das autuações contra os bancos por falta de segurança. Os números impressionam, principalmente de 2004 para cá”, explica Daniel. Ele diz que, ao invés de corrigir as falhas, os bancos preferem pagar as multas, porque saem mais baratas que a contratação de vigilantes ou a implantação de uma porta giratória, por exemplo.
“Os bancos vivem dizendo para a imprensa que estão investindo cada vez mais em segurança. Isso é uma meia verdade. Eles estão gastando mais dinheiro para melhorar a segurança da informação, aquela ligada à internet, ao cartão de crédito, de débito. Com a segurança física, as empresas não estão nem aí. Essa é a diferença. Estamos preocupados com a vida das pessoas e o banco só quer saber de defender o dinheiro”, finaliza Daniel.