Quadrilha assalta Bradesco e leva CPUs das câmeras em Porto Alegre

Bandidos conheciam fragilidade de segurança da agência

Uma agência do Bradesco na zona norte de Porto Alegre foi assaltada na manhã desta quinta-feira (27). A unidade está localizada na Avenida Farrapos, quase na esquina com a Avenida Sertório.

Segundo a Brigada Militar, era por volta das 7h30 quando dois homens de terno e gravata e um de traje esporte e que usavam gel nos cabelos ingressaram pela porta da frente do prédio. Estavam armados renderam a gerente e um vigilante.

Os assaltantes possuíam o controle das portas giratórias. Com a chegada dos outros trabalhadores da agência, foram imediatamente rendidos e amarrados um a um em uma sala de reuniões.

Mais tarde, um terceiro homem se juntou ao grupo usando roupas esportivas. O trio fugiu da agência levando uma quantia ainda não divulgada e as CPUs dos computadores das câmeras de vigilância.

A Polícia só ficou sabendo da ocorrência por volta das 11h depois dos assaltantes fugirem do banco e as vítimas conseguirem se soltar. A perícia chegou ao local e o atendimento na agência está suspenso.

Sem violência física

No lugar de ações violentas, a educação e o respeito aos funcionários chamaram a atenção da polícia. Em vez de armas ostensivamente ameaçadoras, a informação detalhada sobre o funcionamento da unidade e até sobre detalhes da vida privada dos funcionários e a pressão psicológica.

Abalados, os cerca de 40 bancários e bancárias da agência foram dispensados após o assalto.

O ataque ocorreu num dos cruzamentos mais movimentados de Porto Alegre, numa das maiores agências do Bradesco, mostrando que os três assaltantes conheciam até mesmo as vulnerabilidades da segurança.

Eles pediram calma aos vigilantes e aos poucos funcionários que já haviam chegado para trabalhar. Os três homens sequer precisaram empunhar os revólveres que traziam nas cinturas. Tinham informações detalhadas de tudo que acontecia na agência.

Avisaram que outros seis homens armados lá fora em dois carros e outros dois em rádios monitoravam a ação. Chegaram até a perguntar o nome do funcionário que conhecia a rotina do cofre e sabiam que ele chegaria por volta das 8h15.

Como se não bastasse o sangue frio e a experiência, avisaram aos funcionários que foram chegando que não se assustassem. Queriam apenas o dinheiro do cofre. Ninguém se machucaria se seguissem à risca as recomendações.

Por óbvio, os cerca de 40 funcionários que trabalham na agência, no andar térreo, estavam muito assustados. Embora ouvissem promessas de que nada aconteceria, estavam em pânico quando diretores do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre chegaram à agência depois que os ladrões foram embora.

Ação longa

O assalto durou cerca de três horas. Entraram por volta das 7h30, deixaram a agência por volta das 11h. Sabiam o horário em que o temporizador do cofre permitiria a abertura da porta.

Depois das 10h, mantiveram a aparência de normalidade na agência. Funcionários foram designados para ficarem nos caixas e até recepcionistas foram para a porta de entrada. Por cerca de uma hora, a agência permaneceu aberta e atendeu clientes normalmente.

Duas vulnerabilidades chamaram a atenção do funcionário do Bradesco e diretor do SindBancários, Luis Gustavo Soares. A primeira diz respeito ao fato de que os assaltantes tinham uma controlador automático da porta giratória da agência e o usaram para abri-la.

A outra refere-se ao fato de que os bandidos trancaram a maior parte dos funcionários na sala de reuniões, na parte de trás da agência, e fugiram com a CPU do computador que armazena as imagens de segurança. Apagaram as provas que pudessem identificá-los.

“Nossa preocupação é com a segurança dos bancários e bancárias. Estão todos apavorados aqui na agência. Viemos para garantir que fossem liberados porque não têm condições psicológicas de trabalhar. Fica evidente que falta investimento em equipamentos de segurança. Não tem câmeras na parte de fora do prédio, que tem um estacionamento muito grande. Não pode acontecer de o computador que armazena as imagens de dentro da agência ficar ao acesso dos assaltantes. Tem que ficar em outro lugar”, avalia Luis Soares.

As recomendações do Grupo de Trabalho de Segurança Bancária, ao qual o SindBancários faz parte, sugerem que os bancos invistam em portas giratórias, vidros à prova de bala e em câmeras de segurança interligadas com uma central de monitoramento fora da agência.

Com o ataque desta quinta-feira, o mês de dezembro registra oito ações contra bancos no Rio Grande do Sul, média de uma a cada três dias, segundo levantamento do SindBancários.

Estatística de ataques a bancos no RS – dezembro de 2012

1. Dia 8: Banco do Brasil – Guaporé – assalto com reféns
2. Dia 14: Itaú Unibanco – agência Protásio Alves – Arrombamento
3. Dia 14: Banco do Brasil – Nova Pádua – assalto com policial baleado
4. Dia 15: Banco do Brasil – Antonio Prado – ataque com explosivos e reféns
5. Dia 19: Banrisul – Tio Hugo – ataque com explosivos
6. Dia 19: Bradesco – Sapiranga – assalto
7. Dia 20: Santander – Bento Gonçalves – ataque com uso de explosivos
8. Dia 27: Bradesco – Agência Navegantes – assalto com reféns

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