São Paulo – O frio coração financeiro de São Paulo, a Avenida Paulista, mudou de imagem. Nesta segunda-feira, 9 de fevereiro, 400 cruzes simbolizaram cada uma das demissões que o Santander promoveu no mês de janeiro.
Bancários, dirigentes sindicais de todo o Estado e trabalhadores de diversas entidades postaram-se a cada dois metros segurando uma cruz. Cada vez que os semáforos fechavam para os veículos, eram estendidas faixas denunciando a truculência do Santander.
Em marcha fúnebre, partindo da Consolação e do Paraíso, os manifestantes caminharam pelas calçadas da Paulista para denunciar às milhares de pessoas que passavam pelo local como o banco espanhol age no país.
No protesto, os trabalhadores reivindicaram o fim das demissões, a retomada das negociações com resultados e respeito à ação sindical. “O Santander, que acaba de anunciar crescimento nos lucros, tem de manter os empregos, principalmente neste momento de crise, e respeitar os trabalhadores. Lutar por emprego não é crime, como o banco quer tratar. Vamos manter as mobilizações até que nossas reivindicações sejam atendidas”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e região (Seeb/SP).
População apóia – O jornaleiro Fernando Ferraz ficou surpreso com as demissões e apoiou a manifestação do Sindicato dos bancários de São Paulo. “É um absurdo, como um banco pode demitir tanta gente assim, sem mais nem menos?”, questionou.
O aposentado Sérgio Oliveira também apoiou o ato e contou a história da filha. “Ela trabalhava no Real, antes da compra pelo Santander. Minha filha estava satisfeita com a carreira e não concordou quando viu as coisas que começavam a acontecer com a chegada do Santander. Acabou pedindo demissão e agora está fora do país, estudando”, diz.
Já a chilena Mercedes que, como dezenas de transeuntes, recebeu flores do Sindicato de São Paulo, relata que os protestos contra demissões têm de ser feitos sempre. “Tenho filhas que trabalham no Itaú e elas ficam sempre atentas ao que está acontecendo em outros bancos que estão sendo incorporados. Têm receio do que possa vir a ocorrer”, afirma.
Histórico – Durante os últimos seis meses, representantes dos bancários e da direção do Santander negociaram alternativas às demissões. Mas, alegando uma decisão do grupo na Espanha, interromperam o processo e demitiram centenas de trabalhadores.
Na semana passada, os banqueiros tentaram impedir a paralisação dos bancários do Centro Administrativo Santander (Casa 3) acionando a polícia. Dois dirigentes sindicais foram levados à delegacia. O banco tentou fazer com que fossem presos, mas após a apuração dos fatos, foram liberados.
“Os bancários não vão se intimidar. As mobilizações continuam. Os trabalhadores não são responsáveis pela crise financeira, mas são responsáveis pelo lucro bilionário do Santander”, disse Rita Berlofa, diretora do Sindicato.
Os bancários vão procurar o presidente Lula para cobrar respeito aos empregos dos trabalhadores brasileiros.