Professores lotam Estádio da Vila Capanema em assembleia da categoria
Aos gritos de “a greve continua”, milhares de professores da rede pública estadual do Paraná decidiram em assembleia realizada nesta terça-feira (5), em Curitiba, manter a paralisação iniciada há nove dias em protesto contra as recentes ações adotadas pelo governador tucano Beto Richa contra os educadores e os servidores públicos em geral.
A assembleia foi aberta em primeira chamada às 14h30, mas os debates só começaram depois de aproximadamente uma hora, quando os cerca de 5 mil professores presentes já estavam acomodados nas arquibancadas do estádio Durival de Britto. “Estamos em luto e em luta”, declarou o professor Hermes Leão, presidente da APP Sindicato, ao dirigir-se aos educadores presentes.
A direção da APP Sindicato apresentou então aos professores o resultado de uma reunião com representantes do governo Richa realizada por volta do meio-dia. No estéril encontro, o governo apresentou três opções aos servidores: reposição do IPCA (pouco mais de 8%) em duas parcelas; cumprimento da lei orçamentária (5%) em parcela única; ou cumprimento da lei orçamentária em duas parcelas.
O único resultado da reunião foi o agendamento de um novo encontro para terça-feira (12). Diante dessa situação, os professores presentes votaram quase que por unanimidade pela continuidade da greve.
Ao término da votação, Hermes Leão disse que a greve continua pelo menos até a próxima semana. A expectativa, segundo ele, é de que uma nova assembleia seja realizada no dia 12 ou 13, depois que o governo apresentar uma proposta concreta aos professores e ao funcionalismo.
A decisão pela continuidade da greve é um claro indicativo de que o massacre da semana passada, no qual a Polícia Militar avançou sobre os servidores e feriu mais de 200 pessoas, serviu para unir ainda mais uma categoria que realiza no momento a segunda greve em menos de dois meses.
No início da semana passada, assim que a greve foi deflagrada, a Justiça paranaense declarou a paralisação “ilegal” e o governo ameaçou descontar os dias parados do salário dos professores.
“Pode descontar”, desafiou Ismael, professor que saiu de Guaratuba, no litoral paranaense, para participar da assembleia de hoje. “Tem gente dizendo que a APP e a CUT estão politizando o assunto, mas mesmo que estivesse, o que esse governo tem feito com os professores e com o funcionalismo é um desrespeito”, desabafou.
O professor Angelo, que leciona História em Colombo, levantou seu crachá em favor da continuidade da greve. Questionado sobre como imagina que o massacre de 29 de abril será apresentado no currículo de história no futuro, emocionou-se antes de responder: “Vai ser complicado incluir essa questão. Já vai ser difícil ter condições emocionais para voltar à sala de aula. Ainda não consigo imaginar como vai ser tratar desse assunto”.