Os acidentes e doenças do trabalho custam R$ 10,7 bilhões por ano aos cofres da Previdência Social, por meio do pagamento do auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias. De acordo com dados do órgão do governo federal, o setor da construção civil teve forte elevação no número de acidentes de trabalho, somando 49 mil casos em 2008 – 70% a mais que o total registrado em 2004.
Os números de 2009 e 2010 ainda não estão disponíveis, mas a evolução das notificações de fiscalização e de acidentes do Ministério do Trabalho indica que os acidentes têm aumentado de forma alarmante.
No Rio Grande do Sul foram registrados 43.798 acidentes em 2006, pulando para 62.931 em 2008. Em Porto Alegre, o número chegou a 12.987 acidentes em 2008.
“O índice de acidentes é alarmante, principalmente na construção civil, apesar de todo o cuidado dos engenheiros de segurança e técnicos que trabalham na área, e das próprias empresas que cada vez mais têm se aperfeiçoado em busca de soluções para o problema”, admite Mário Hamilton Vilela, presidente da Associação Sul Riograndense de Engenharia de Segurança do Trabalho (Ares).
As principais causas de acidente na construção civil são queda, soterramento e choque elétrico. “O maior entrave para que estes índices de acidentes diminuam é cultural”, avalia Vilela. “Temos que conscientizar aqueles que labutam no canteiro de obras que eles precisam usar os equipamentos de proteção. Não adianta o profissional de segurança ensinar e passar o treinamento, se depois o trabalhador que vai para o chão de fábrica não usar estes recursos.”
O presidente da Ares ressalta que os principais argumentos para os trabalhadores se recusarem a usar os equipamentos de proteção beiram às características dos mesmos: “ou é porque é pesado, ou porque é quente etc”.
Buscando aperfeiçoar engenheiros de segurança, técnicos de segurança, médicos do trabalho e outros profissionais de áreas afins, a Associação promoveu na semana passada o 8º Encontro Sul-Rio-Grandense de Prevenção, Segurança e Saúde do Trabalho, no Clube do Comércio. O evento tratou de temas inerentes à área, como as alterações propostas para a NR 12, que trata dos problemas relacionados ao perigo no manejo de máquinas, em geral; os desafios na gestão de saúde e segurança no processo de fusão de empresas e outros.
“Estamos muito satisfeitos com os resultados dos últimos anos, porque este intercâmbio reflete dentro das empresas”, destaca o presidente da Ares. Ele calcula que, neste período, o índice de acidentes no trabalho reduziu cerca de 10% no Rio Grande do Sul. “É uma diminuição significativa, levando em consideração que o índice de acidentes é alto.”