Um levantamento feito com sociedades médicas brasileiras, antropólogos, psicólogos, membros do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), cerca de 250 especialistas, demonstrou que os homens não costumam ir ao médico por conta de três fatores: culturais, institucionais e médicos.
Essa pesquisa serviu como base para a política nacional de atenção à saúde do homem, implementada no Sistema Único de Saúde (SUS) e visa prevenir e melhorar o cuidado do homem com a sua saúde.
Baldur Schubert, coordenador da área técnica de saúde do homem do Ministério da Saúde, cita que entre as barreiras culturais está o conceito de masculinidade vigente na sociedade, no qual o homem se julga imune às doenças. “Eles não reconhecem a doença como algo inerente à condição do homem, por isso acham que os serviços de saúde são destinados às mulheres, crianças e idosos”, explica o médico.
Em relação as barreiras institucionais, o levantamento mostrou que os homens não são ouvidos adequadamente nas unidades de saúde, então acabam por não frequentar esse locais. O fato de grande parte dos serviços serem feitos por profissionais mulheres também impede que eles se sintam à vontade para relatar problemas na vida sexual, como a impotência. Outra dificuldade é que os homens não cuidam da sua profilaxia.
As barreiras médicas são a falta de postura dos profissionais de saúde e as consultas com duração muito curta. “Os médicos precisam dar mais atenção nas consultas para estabelecer uma relação médico-paciente ótima”, alerta Schubert.
Dentre as situações que mais matam o homem, até os 40 anos, estão as causas externas (violência, agressões e acidentes de trânsito/trabalho). Depois dos 40 anos, em primeiro lugar estão as doenças do coração, e em segundo os cânceres, principalmente do aparelho respiratório e da próstata.
A mudança desse quadro vai depender da ajuda das empresas e outras organizações em que o homem participa, na criação de programas que estimulem seus funcionários a visitarem profissionais de saúde. Outra solução seria a inserção do cuidado com o homem nas equipes de Saúde da Família, que já foi implementado.
Segundo dados da publicação Saúde Brasil 2007, os homens representam quase 60% das mortes no país. Das 1.003.350 mortes ocorridas em 2005, 582.311 foram de pessoas do sexo masculino – 57,8% do total. Assim, a cada três pessoas que morrem, duas são homens, aproximadamente