Após debater sobre questões de organização, o painel “O
banco é dos brasileiros” abriu os debates do 31º Congresso Nacional dos Funcionários
do Banco do Brasil, na manhã deste domingo (12). Os convidados falaram a
respeito do papel desempenhado pelo Banco do Brasil no microcrédito, crédito
para pequenos e microempreendedores, para agricultura familiar e a importância
deste patrimônio para a sociedade brasileira.
Leonardo Penafiel Pinho, presidente da Unisol Brasil e vice-presidente do Conselho
Nacional de Direitos Humanos, foi o primeiro a falar e disse que ficou muito orgulho
de participar do 31º Congresso Nacional, pelos trabalhadores e trabalhadoras do
Banco do Brasil que, apesar dessa pandemia, têm feito essa grande mobilização
virtual. “Esses trabalhadores estão neste congresso defendendo o Banco do
Brasil não numa perspectiva apenas de defender uma agenda corporativa, por ser
funcionários do banco. É uma defesa do desenvolvimento nacional, de uma agenda
em defesa do Brasil. É nesta perspectiva que a Unisol reafirma seu compromisso com
um Banco do Brasil público e voltado a uma agenda de desenvolvimento
sustentável, um desenvolvimento social no Brasil.”
O presidente da Unisol Brasil baseou a fala em duas grandes agendas em que o cooperativismo
internacional tem compromisso: A agenda 2030, um plano de ação para as pessoas,
para o planeta e para a prosperidade, com 17 objetivos e mais de 200 metas que
visam o desenvolvimento sustentável do Planeta; e ‘A década da agricultura
familiar’, um plano de ação global contra a fome e a pobreza rural até 2028. “A
agenda de privatização do Banco do Brasil é uma agenda contra o Brasil. É o
entreguismo aos interesses do mercado financeiro internacional. Querem entregar
um banco que é lucrativo e premiado.”
Pinho defendeu o BB público ao mostrar as transformações sociais que o banco
realiza ao seguir um modelo de desenvolvimento social. “A carteira de negócios
de impacto social do banco movimentou por volta de R$ 70 bilhões em saldo, só o
ano passado. Esses arranjos produtivos criam uma indução econômica que movimenta
parcelas importantes do PIB brasileiro. Nós estamos falando de um banco indutor
de desenvolvimento, um banco indutor de desenvolvimento sustentável, atrelados à
agenda 2030.”
O palestrante lembrou ainda que além da agricultura familiar, da agroecologia,
da agenda 2030, dos negócios de impacto social que movimentam bilhões de
cadeias produtivas no Brasil, o Banco do Brasil cumpre um papel na cultura
brasileira. “Graças ao Banco do Brasil foram mais de 3 milhões de pessoas que
tiveram acesso à cultura, através dos eventos culturais Banco do Brasil. Então
o Banco do Brasil também é um importante instrumento de fomento à cultura e à
identidade nacional. É um importante instrumento também na habitação popular ”,
afirmou.
“Eu venho aqui em nome da Unisol Brasil e do Conselho Nacional de Direitos
Humanos afirmar que o Banco do Brasil é um banco de promoção de desenvolvimento
nacional. Quem defende a sua privatização não é patriota, não é nacionalista. É
entreguista aos interesses do mercado financeiro internacional. Queremos um BB
público para garantir o desenvolvimento sustentável, um desenvolvimento
nacional, que agregue valor no campo brasileiro, fomentando a agroecologia,
agricultura familiar e também tragam o desenvolvimento sustentável nas cidades.
Para isso precisamos, não de fechamento de agências. Nós precisamos
interiorizar cada vez mais o Banco do Brasil, para ter uma economia solidária e
promover o bem viver para a sociedade brasileira. Parabéns aos trabalhadores do
Banco do Brasil, conte com a Unisol Brasil e com o Conselho Nacional de
Direitos Humanos”, finalizou Leonardo Penafiel Pinho.
Fundos de Previdência
Em sua palestra, o diretor de Seguridade da Previ, Marcel
Juviniano Barros, destacou a importância dos bancos públicos e de seus fundos
de previdência na dinamização da economia do Brasil, principalmente no interior
do País. “O maior pagador de benefícios, como os do INSS, é o Banco do Brasil.
Trabalhei em agências do Interior e vi que o banco público é o maior pagador.
Os bancos privados ficam só nas capitais. Em Alagoas, por exemplo, são os
bancos públicos que estão nas cidades do Interior. Não interessa para os bancos
privados ir para essas cidades”.
Marcel explicou como os fundos de previdência dos bancos públicos são
importantes para as pequenas, micro e médias empresas, bem como para a
agricultura familiar. “Em um fundo de previdência como a Previ, todos os
funcionários do Banco do Brasil colocam um pouco de seus salários em
investimentos que vão para o setor produtivo. Já os bancos privados investem
quase 90% em renda fixa, um investimento que é contra o País. Quem paga essa
conta somos nós, os cidadãos”, alertou Marcel.
Os bancos públicos, destacou Marcel na palestra, colocam seus investimentos em
empresas que vão gerar a riqueza do país. “O investimento da Previ vai fazer o país
crescer. São os bancos públicos que têm esse compromisso”, disse. Marcel falou
que se o ministro da Economia, Paulo Guedes, tivesse compromisso com o Brasil,
faria com que os investimentos dos bancos privados fossem também colocados na
produção do País.
As diferenças entre as políticas de investimentos dos bancos públicos e os
privados, para Marcel, precisam ser debatidas no movimento popular. Ele
acredita que o debate tem de ser feito, por exemplo, pelas associações de
moradores e cooperativas de produtores.
Instituição de Estado para o desenvolvimento do Brasil
O economista Murillo Francisco ressaltou a importância do Banco do Brasil como uma instituição de Estado, imprescindível para o desenvolvimento do país e para ajudar o país a se recuperar no pós-pandemia. “A pandemia paralisou a economia. Prejudicou o capital de giro das empresas e o desemprego, que já estava em alta, aumentou ainda mais. Além dos 12,8% de desempregados, existem outros 17 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego e não são considerados como desempregados pela pesquisa do IBGE. Isso dá um número muito grande que chega a cerca de 30 milhões de pessoas desocupadas”, observou o economista.
Segundo Murillo, houve redução enorme dos postos de trabalho em várias áreas da economia, o que gerou uma queda de 7,3 bilhões na massa de rendimento, com consequência no aumento do endividamento e da paralisação da economia.
Neste contexto, os bancos estão sendo muito criteriosos na concessão de crédito e as empresas não conseguem ter aceso aos recursos. “Em situação de crise e de aumento de risco, os bancos retiram crédito, aprofunda a crise, não ajudam na sua superação”, destacou o eco nomista.
Murillo disse que, se observarmos os dados, veremos que teremos uma profunda e prolongada crise econômica e a atividade bancária, de concessão de credito, está sendo barrada por essa perspectiva.
“É aí que entram os bancos públicos. Neste contexto os riscos têm que ser compartilhados e a gente precisa de concessão de crédito com análise diferente da do mercado e prazo mais alongados. O mercado não se dispõe a isso”, disse o economista. “O Banco do Brasil tem mais de 200 anos e tem expertise de atuação na ponta, junto às micros, pequenas e médias e empresas e ao produtor rural. Está presente em todos os setores da economia de maneira geográfica e estrutural. O Brasil não é para amadores e o banco do Brasil tem esse conhecimento e pode realizar isso para contribuir com a recuperação da economia”, disse Murillo ao concluir sua reflexão.