No dia da Consciência Negra, bancários focam desigualdade e preconceito

Celebrado nesta quarta-feira (20), o Dia da Consciência Negra deve servir para que os brasileiros reflitam sobre a desigualdade, a intolerância e o preconceito ainda existentes na sociedade e em particular no setor bancário. A data faz referência à morte do líder Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela liberdade e valorização do povo afro-brasileiro, e inspira a cada ano um número maior de atividades em torno de reflexões sobre questões raciais no país.

No setor financeiro, bancários negros são minoria, ganham menos que os brancos e pouquíssimos ocupam cargos na diretoria. A constatação é antiga, e a falta de avanços na área foi debatida no II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, que ocorreu nos dias 13 e 14, no Rio de Janeiro.

No Brasil, 50,7% da população é formada por negros (pretos e pardos) segundo o censo do IBGE de 2010. No entanto, nos bancos a realidade é outra. Segundo a própria Febraban, só 19% dos bancários são negros.

Desigualdades

Segundo a edição de 2012 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, a maior parte dos bancários negros está nos cargos de menos hierarquia. No posto de auxiliares de escritório 30% são negros. Em cargos de gerência, 14%, enquanto apenas 4% estão na diretoria.

Além do preconceito, a situação se agrava com um “embranquecimento” no setor. O número de brancos admitidos é muito maior que o de negros, mesmo com a ascensão de uma nova classe social e com mais negros formados nas universidades. Isso sem falar da faixa salarial dos negros. Mesmo trabalhando na mesma função, eles recebem, em média, 84% do salário dos brancos.

Os dados, também da Rais, apontam que o número de negros admitidos em bancos públicos foi de 4.552, enquanto o de brancos foi mais que o dobro, 10.923. Nos privados, a diferença é ainda mais assustadora. Foram admitidos em 2012, 4.364 negros, e um número quase cinco vezes maior de brancos: 19.923. O número de negros demitidos também é maior nos privados: 5.169 bancários contra 1.331 nos públicos.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, Sebastião Maria, a discriminação em relação aos negros/afrodescendentes no Brasil deveria ser tratada como crime desde o dia 13 de maio de 1888, quando o governo brasileiro jogou nas ruas mais de 1 milhão de negros e negras que, até então, tinham sido os responsáveis pela construção do país.

“Esse crime se perpetua em todos os setores sociais, negando emprego e acesso a um nível social digno à maioria da população brasileira, apesar de avanços obtidos com os governos petistas. Por tudo isso, hoje, dia 20 de novembro, celebramos a memória de Zumbi por ter entregado sua vida na nossa luta. Que Zumbi continue a ser nosso grande líder, no longo caminho que ainda temos para percorrer até conquistarmos a igualdade”, ressaltou.

Herói da raça

Zumbi nasceu em 1655, em Palmares, atual estado do Alagoas. Descendente de guerreiros Imbangalas, de Angola, foi aprisionado por uma expedição portuguesa e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, que o batizou de Francisco. Com o religioso, aprendeu a escrever em português e latim.

Aos 15 anos, fugiu em busca de suas origens e voltou para o Quilombo dos Palmares, uma comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. Tornou-se líder da comunidade aos 25 anos, se destacando pela habilidade em planejamento, organização e estratégias militares. Sob seu comando, Palmares obteve diversas vitórias contra os soldados portugueses.

No ano de 1694, o quilombo foi atacado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Após o combate, a sede da comunidade ficou totalmente destruída. Zumbi conseguiu escapar, mas seu esconderijo foi denunciado por um antigo companheiro.

Em 20 de novembro de 1695, o líder negro foi capturado e morto, aos 40 anos de idade.

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