Metas abusivas: Infelizmente o BRB entrou nessa

Em reunião de trabalho de toda a diretoria do BRB, que contou com a participação de todos os gerentes-executivos, superintendentes e gerentes-gerais de pontos de atendimento (PAs), ocorrida dias 20 e 21 de agosto (quarta e quinta-feira), no Hotel Fazenda D´Armas, a direção do banco, ao mesmo tempo que dá um passo positivo de apresentar as metas a todos os gerentes, dá inúmeros passos atrás no que se refere à definição das mesmas. As metas apresentadas foram consideradas, por quase unanimidade, inatingíveis pelos gerentes presentes.

“Na contramão da modernidade e alinhado com o que há de pior na definição de metas, a direção do BRB inaugura um tempo que se desenha muito difícil para os funcionários do banco no que se refere a busca inatingível destas”, diz André Nepomuceno, secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Brasília.

‘300 mil cartões no semestre’

Apenas para ilustrar o quão exageradas são estas metas, veja o exemplo do Cartão:

Foi definida como meta para o conjunto do banco a emissão de mais de 300 mil cartões neste semestre, sendo que no primeiro semestre, com todo o esforço empreendido, foram emitidos pouco mais de 60 mil cartões e, desde a implantação deste produto, o banco emitiu até junho de 2008 aproximadamente 320 mil cartões.

Absurdos como esse se repetem em diversos outros produtos e a sensação manifestada por quase a totalidade dos gerentes é de assombro, indignação e apreensão. Some-se a isso o fato de o banco não oferecer ferramentas adequadas para as agências trabalharem, pois há grandes problemas na área da Tecnologia, cujo diretor Aires Hypólito ainda não disse a que veio, apesar de ocupar a pasta há mais de um ano.

Outro problema é que o BRB não possui taxas competitivas e, mais grave: Não tem funcionários em número suficiente para a execução do trabalho.

“É inconcebível que o banco caminhe nesta direção, sem considerar sequer se o mercado comporta metas tão absurdas”, destaca Maria Aparecida Sousa, diretora do Sindicato e funcionária do BRB.

Outro aspecto, no mínimo estranho, foi o fato de cada gerente assinar uma espécie de contrato assumindo o compromisso de cumprir as metas definidas para seu PA. O documento ficou em poder do banco, embora a diretoria tenha afirmado que futuramente encaminhará cópia para cada gerente.

O encontro que, em tese, seria para discutir as metas, acabou por revelar a indisposição da diretoria em discuti-las, pois não houve espaço algum para o debate das mesmas, embora aos gerentes tenha sido facultada a possibilidade de fazer ressalva no referido contrato – o que não gerou nenhuma tranqüilidade, pois a Diretoria Operacional (Diope) confirmou que as metas eram aquelas apresentadas no contrato e deixou subentendido ainda nas entrelinhas que o não atingimento delas poderá er motivo de descomissionamento futuro.

“Essas práticas configuram assédio moral, o que por si só já é elemento incompatível com o ambiente de trabalho em que se procura dinamizar os negócios do banco. Onde a direção do banco quer chegar com isso?”, questiona Kleytton Morais, secretário de Formação do Sindicato e funcionário do BRB.

É lamentável que a atual postura da diretoria do BRB venha exatamente num momento em que a Campanha Nacional dos bancários coloca como eixo a discussão da contratação remuneração total, com o fim das metas abusivas.

Aliado a tudo isso, um outro fato é elemento gerador de dificuldades neste momento: As mudanças administrativas ocorridas em algumas áreas que têm relação direta com as agências resultam em quebra do ritmo já estabelecido. Gerou mal-estar a forma como transcorreu a troca de superintendentes – um deles foi comunicado do afastamento e rebaixamento de função durante as férias. Houve ainda o caso de uma gerente-executiva ter sido informada de sua substituição também com rebaixamento de função quando do seu retorno da licença-maternidade.

Estas posturas da Diope, além de serem consideradas agressivas, também podem ser enquadradas como assédio moral.

O Sindicato procurou a direção do banco e demonstrou a intenção de participar do evento de discussão de metas ocorrido nos dias 20 e 21 de agosto. A execução de metas é realizada por todos os funcionários do banco e o Sindicato, como representante legítimo dos trabalhadores, deveria ter acesso ao debate. Frustrando essa expectativa, a direção do BRB negou ao Sindicato a possibilidade de participação.

“Como se não bastasse a angústia de ter que trabalhar e produzir no ambiente de indefinição quanto ao futuro do banco, o que por si só já é desanimador, agora os funcionários estão sobre o tacão de metas abusivas, completamente distantes do que suporta o mercado e do que o instrumental do banco permite”, ressalta Antonio Eustáquio, secretário de Imprensa do Sindicato e funcionário do BRB.

PPR pode não ser pago

Outro fato relacionado às metas impostas é que provavelmente o Programa de Participação nos Resultados (PPR) do segundo semestre de 2008 pode não ser pago, pois elas são praticamente inatingíveis.

Caso a diretoria do banco não resolva trazer para patamares factíveis as metas, isto poderá resultar no não pagamento do PPR referente ao segundo semestre de 2008. O Sindicato certamente cobrará do banco nesta campanha um tratamento mais adequado ao assunto.

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