O mês da consciência negra dos trabalhadores foi aberto oficialmente na sexta-feira dia 6, com um evento na sede nacional da CUT, em São Paulo, que contou com a participação de lideranças tanto do movimento sindical quanto racial. Uma das principais definições do encontro foi a agenda de atividades com o objetivo de pressionar o Senado pela aprovação do projeto de lei 6.264, o Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), já aprovado em setembro pela Câmara dos Deputados.
“Vamos percorrer os gabinetes dos senadores e enviar mensagens por e-mail. Temos o apoio da base aliada do governo, mas isso não é o bastante, precisamos unir forças e trabalhar juntos”, afirma o diretor e integrante do Coletivo de Raça do Sindicato Júlio César Silva Santos. O dirigente destaca entre os pontos mais importantes do estatuto a questão das cotas e das terras remanescentes de quilombos, a definição do direito à liberdade de consciência e crença e de políticas de inclusão do negro no mercado de trabalho.
Agenda definida – No encontro do dia 6 também foram definidos os últimos detalhes da agenda de protestos e eventos previstos para novembro. No dia 14 sábado, o palco do Auditório Azul do Sindicato (Rua São Bento, 413, Centro) recebe o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos e diversas lideranças do movimento negro para discutir políticas de inclusão, políticas de afirmação e estratégias de luta. “O evento é aberto, e todos os interessados em compartilhar informações estão convidados”, afirma Julio.
O Sindicato de São Paulo participa de um cortejo na quinta 19 que vai percorrer as ruas da região central da capital a partir das 12h, tendo à frente a percussão do grupo Filhos de Mãe Preta, a voz da sambista Adriana Moreira e o Balé de Orixás do Grupo do Edinho. No dia 20 sexta, acontece a 6ª Marcha da Consciência Negra, com concentração a partir das 10h em frente à igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu, no Centro.
Consciência no palco – o Dia da Consciência Negra ganha destaque no palco do Grêmio Recreativo Café dos Bancários, também na quinta 19, com um show temático da sambista Adriana Moreira. “Vou fazer uma retrospectiva desses mais de quatro anos de shows no Café, em especial das comemorações à consciência negra, que fazemos em novembro”, diz a cantora. Ela lembra que neste período fez diversos shows com referências à cultura musical negra, como homenagens a Clara Nunes, samba, gafieira e afrodanças. Entre outros convidados, subiram ao palco ao lado da sambista a Velha Guarda da Nenê de Vila Matilde, a Bateria Mirim da Camisa Verde e Branco e a Cia. de Afrodança dos Orixás.
História – O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares e já é feriado em cerca de 300 cidades do Brasil. É celebrado desde 1971, quando os movimentos sociais do Brasil iniciaram uma onda de manifestações de rua para enterrar o dia 13 de Maio, data da abolição da escravatura – comemoração rejeitada pelos negros por enfatizar muitas vezes a “generosidade” da princesa Isabel em detrimento do contexto histórico mundial. A data de 20 de novembro foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colônia.