Enfrentando o frio e a garoa fina que caiu sobre São Paulo neste domingo (27), milhares de manifestantes voltaram às ruas para exigir “o rompimento imediato das relações militares, comerciais e diplomáticas com Israel; bem como o fim do Tratado de Livre Comércio do Mercosul com o Estado sionista”, como consta na petição pública enviada ao governo brasileiro.
De forma unitária, partidos e movimentos sociais se concentraram na Praça Oswaldo Cruz, no início da avenida Paulista – de onde saíram até o Parque do Ibirapuera – erguendo faixas e cartazes com riscos sobre as suásticas, igualando o sionismo com o nazismo, e alertando para as mais de mil mortes e seis mil feridos e mutilados pelos bombardeios israelenses a escolas, hospitais e residências.
“Com o apoio do imperialismo estadunidense, os sionistas estão despejando bombas para impor um Estado racista, de apartheid”, condenou Júlio Turra, da executiva nacional da CUT, destacando o apoio da Central à petição pública que pede ainda “o fim dos acordos com a Elbit Systems, a Mekorot e todas as empresas ligadas às violações da lei internacional perpetradas por Israel; a condenação pública das prisões políticas, do tratamento desumano aos prisioneiros e da tortura praticada contra os palestinos nas prisões, centros de detenção e colônias israelenses, bem como a exigência da libertação imediata de todos os presos políticos palestinos”.
O dirigente cutista denunciou que “Israel é uma cabeça de ponte instalada pelo imperialismo na estratégica região do Oriente Médio” e que a derrota do regime de segregação que mantém sob cerco a Cisjordânia e “Gaza como o maior campo de concentração a céu aberto do mundo”, é o único caminho para a construção do Estado palestino e a efetivação da paz.
Marcelo Buzetto, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), condenou a política de “terrorismo de Estado” adotada por Israel, com o “bombardeio indiscriminado de aviões e tanques a alvos civis, que já causaram mais de mil mortes de mulheres, crianças e idosos”.
A presidenta do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, Socorro Gomes, frisou que “o fato da Venezuela já ter rompido relações diplomáticas com Israel” e do “Chile ter rompido os acordos comerciais com o Estado sionista” são passos importantes para isolar o regime de apartheid. “O governo brasileiro aumentou o tom, mas precisamos ir além e exigir o rompimento de todos os acordos com Israel, particularmente na área de armamentos, pois as mesmas armas que matam o povo palestino matam aqui também”, acrescentou.
A secretária de Relações Internacionais da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Maria Pimentel, lembrou que desde 1967 os palestinos lutam para não desaparecer, pois a política de apartheid é uma política segregacionista e expansionista. “A Palestina precisa de nós e o boicote aos produtos de Israel é hoje um instrumento para construir a paz e a justiça”.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP) condenou as recentes declarações da chancelaria de Israel, que demonstrou seu “alinhamento com uma suposta supremacia alemã, numa visão nazista, fascista mesmo”. “É inadmissível a visão do Estado Sionista. O governo brasileiro tem que romper relações diplomáticas com Israel”, frisou. Para a vereadora paulistana Juliana Cardoso (PT), “é preciso que o Brasil coloque todo o seu peso político para deter o genocídio”.
Representando o Partido Democrático Trabalhista (PDT), Abdo Masloum, disse que o povo palestino está sendo submetido a um verdadeiro “holocausto” por armas muitas vezes comercializadas entre nossos países. “Israel tem ignorado a legislação internacional, avançando sobre terras que não lhe pertencem e desconstruindo qualquer perspectiva de paz”, assinalou.
Membro da direção nacional do Partido Pátria Livre (PPL), Nathaniel Braia ironizou o fato de o secretário de Estado dos EUA ter chamado a matança promovida por aviões e tanques sionistas, que já custou a vida de mais de 300 crianças, de “direito de defesa de Israel”. Diante das acintosas declarações de um porta-voz israelense de que o Brasil é um “anão diplomático”, Braia asseverou que a melhor resposta é exigir sua saída do país como “persona non grata”.
Entre outros movimentos e partidos, participaram também representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Conlutas, do PCB, PCdoB e PSOL.