Representantes do movimento de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) de todo o país se reuniram hoje (19), em Brasília, para a 1ª Marcha Nacional contra a Homofobia. A passeata contou com mais de 1,5 mil participantes. O objetivo do movimento é reivindicar a garantia de Estado laico (sem interferência religiosa nas decisões públicas), aprovação imediata do Projeto de Lei da Câmara (PLC 122/2006) que torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, e uma decisão favorável da Justiça sobre a união civil entre casais homoafetivos.
A marcha percorreu a Esplanada dos Ministérios liderada por travestis usando roupas pretas em sinal de luto às 238 mortes de travestis registradas no ano passado. Cruzes foram colocadas no gramado em frente ao Congresso Nacional para simbolizar as vítimas do preconceito.
Para o coordenador-geral da marcha, Carlos Magno, o maior entrave para o avanço dos direitos dos homossexuais é o controle exercido pela Igreja em temas que deveriam ser exclusivos do Estado. “Os fundamentalistas religiosos têm interferido no Estado e impedem os avanços de qualquer direito relacionado aos homossexuais, precisamos mudar isso.”
O professor Maurivam Monteiro veio de Pernambuco para participar da marcha. Ele acredita que esse tipo de manifestação abre a discussão sobre a necessidade de se respeitar as diferenças. “Estou aqui para lutar por uma visão social geral ao respeitar as diferenças. Repensar alguns valores e, principalmente, a questão do respeito ao outro”, ressalta o educador.
Membro do movimento estudantil e diretor do movimento LGBT do PCdoB, Paulo Ricardo, afirma que o apoio de parlamentares à causa é fundamental para pressionar o Senado pela aprovação do projeto de Lei.
“Vamos fazer pressão dentro do Congresso. O apoio de parlamentares tem se somado à força do movimento, até para que o projeto seja levado adiante e, principalmente, para mostrar que temos o poder de reivindicar questões do nosso grupo,” disse.
“A igualdade é uma das lutas da classe trabalhadora”, diz Wadson Boaventura, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília. “É um absurdo, por exemplo, o assassinato de pessoas por sua orientação sexual que vem acontecendo”. O Brasil é o campeão mundial de crimes contra lésbicas, gays, bissexuais e travestis, transexuais e transgêneros: um assassinato a cada dois dias, aproximadamente 200 crimes por ano, seguido do México com 35 homicídios e os Estados Unidos com 25.
Rosane Alaby, diretora do Sindicato e coordenadora da Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS), ressalta a importância do movimento ocupar as ruas: “O preconceito no Brasil está em todas as instâncias, e os bancários não escapam à essa discriminação. A marcha serve como instrumento de conscientização sobre esses problemas e a necessidade de combatê-los” diz.