A Contraf-CUT criticou a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano na primeira reunião do Copom em 2013, ocorrida nesta quarta-feira (16), em Brasília. “Foi desperdiçada uma boa oportunidade para retomar o bom caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda”, avalia o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Ele destaca que, “apesar das quedas da Selic em 2012, os bancos brasileiros ainda continuam praticando juros e spreads que permanecem entre os mais altos do mundo, travando a produção e o consumo, freando o crescimento econômico do país”.
Levantamento da Anefac mostra que “as taxas de dezembro, mesmo com as reduções ocorridas no ano passado, ainda estão longe do padrão internacional”, frisa Cordeiro. A taxa de juros média geral para pessoa física foi de 5,44% ao mês (88,83% ao ano). O cheque especial ficou em 7,82% ao mês e o juro do cartão de crédito, com taxa de 9,37% ao mês (192,94% ao ano). Já a taxa de juros média geral para pessoa jurídica foi de 3,07% ao mês (43,74% ao ano).
“Todos esses juros dos bancos ainda são altos e precisam cair mais. A inflação e a baixa inadimplência não justificam essas taxas elevadas nem as altíssimas provisões para devedores duvidosos”, critica o dirigente sindical. “Os bancos podem emprestar mais com juros e spreads menores”, defende. “No Brasil, o crédito beira 50% do PIB, enquanto em outros países chega até 300% do PIB”, salienta.
Cordeiro denuncia que “alguns bancos estão aumentando ainda mais as tarifas e demitindo funcionários a pretexto de compensar a queda dos juros e melhorar a eficiência para manter a alta rentabilidade”. Para ele, “banco eficiente é o que oferece crédito barato e acessível, não demite, gera empregos, presta bons serviços, age com transparência e pratica responsabilidade social”.
“Juros altos não contribuem para retirar o Brasil da condição vergonhosa de 12º país com a pior distribuição de renda do mundo”, alerta o presidente da Contraf-CUT. Para ele, “os bancos, ao praticarem essas taxas, acabam sugando recursos que deveriam ser direcionados para investimentos em políticas públicas, indispensáveis para o crescimento da economia com distribuição de renda”, ressalta Cordeiro.
“Os bancos, enquanto concessões públicas, não podem andar na contramão do desenvolvimento. Juros mais baixos são fundamentais para ampliar o crédito, incentivar a produção e o consumo, gerar mais empregos, distribuir renda, combater a miséria e garantir inclusão social”, salienta.
Para Cordeiro, “está mais do que na hora de o Banco Central definir, além das metas de inflação, metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país”.