Lula: metade dos recursos usados para salvar bancos erradicaria fome no mundo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira, dia 16, em Roma, que com a metade dos recursos usados pelos países ricos para salvar bancos falidos seria possível erradicar a fome no mundo.

“Frente à ameaça de um colapso financeiro internacional os líderes mundiais não evitaram em gastar centenas e centenas de bilhões de dólares para salvar bancos falidos. Com menos da metade desses recursos seria possível erradicar a fome no mundo”, disse o presidente em discurso na cúpula da FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, esvaziada pela ausência de líderes de países desenvolvidos.

“O combate à fome, contudo, continua praticamente à margem da ação coletiva dos governos. É como se a fome fosse invisível”, criticou o presidente.

Lula ainda lamentou que os esforços para socorrer os pobres da miséria, da exclusão e da desigualdade ainda sejam vistos por muitos como “assistencialismo” ou “populismo”.

“Foram iniciativas políticas que permitiram ao Brasil retirar 20,4 milhões da pobreza e reduzir em 62% a desnutrição infantil”, disse o presidente.

“Os milhões que antes não encontravam lugar em nossa sociedade passaram a ser, pouco a pouco, nosso maior ativo. Hoje, eles formam parte da nova fronteira econômica, social e política que está moldando o Brasil”, acrescentou Lula.

O presidente ainda disse que a fome é a “mais temível arma de destruição em massa que existe no nosso planeta”.

“Na verdade ela não mata soldados, não mata Exércitos, ela mata sobretudo crianças inocentes que morrem antes de completar um ano de idade”.

Fome e mudanças climáticas

Abrindo os trabalhos na FAO, o secretário-geral da ONU, Ban ki Moon, chamou atenção para o tema, afirmando que, no mundo, uma criança morre de fome a cada cinco segundos – seis milhões por ano, e 17 mil a cada dia.

O secretário-geral da ONU observou que, “no último ano e meio, insegurança alimentar levou a conflitos políticos em 30 países”.

Ban ki Moon também afirmou que segurança alimentar e as mudanças climáticas são temas “profundamente interconectados”.

“O clima está se tornando cada vez mais extremo e imprevisível”, disse. “Precisamos ajudar os mais vulneráveis a se adaptarem.”

Mais recursos

A FAO estima que são necessários investimentos da ordem de US$ 200 bilhões por ano em agricultura primária nos países em desenvolvimento para atender à demanda global por alimentos até 2050 , um aumento de 50% em relação aos níveis atuais.

É dado como certo que desses países virá a maior demanda por alimentos, em face de uma população que, daqui a 40 anos, terá passado dos atuais 7 bilhões de habitantes e atingido, estima-se, 9 bilhões de pessoas.

Para dar conta deste desafio, a agência da ONU prevê que seja necessário elevar em 70% a produção de alimentos nos países. Para isso, a ajuda dos países ricos deveria ser de US$ 44 bilhões por ano em agricultura alimentar – contra US$ 7,9 bilhões gastos atualmente a cada ano.

A questão é que, como sublinha a FAO, “a capacidade dos países em desenvolvimento de preencher essa lacuna por si só é limitada”.

O gasto público em agricultura nesses países foi de, em média, apenas 7% do PIB em 2006.

O discurso dos países mais ricos se centra nas promessas de ajuda financeira. Em julho, durante seu encontro anual realizado em L’Acquila, na Itália, o G8, o grupo das sete economias mais industrializadas do planeta mais a Rússia, prometeu destinar aos países em desenvolvimento US$ 20 bilhões em um período de três anos para impulsionar a agricultura nesses países.

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