Itaú gasta mais de R$ 1 bilhão para integrar rede de agências do Unibanco

TONI SCIARRETTA
FOLHA.COM DE SÃO PAULO

O Itaú teve despesas de mais de R$ 1 bilhão neste ano para absorver a rede de agências do Unibanco. A fusão das agências foi concluída no dia 24 de outubro, pouco menos de dois anos após o anúncio da fusão.

O banco acelerou a conversão de agências do Unibanco em unidades do Itaú entre julho e setembro. No total, 998 agências e 245 postos de atendimento do antigo Unibanco foram reformados e integrados às 3.900 unidades do Itaú.

“No começo, imaginávamos que esse processo de migração iria até o final do ano. Conseguimos antecipar isso e uma parte das despesas que cairia no quarto trimestre ficou no terceiro trimestre. Mas são despesas que não se repetem”, disse Rogério Calderón, diretor de Relações com Investidores do Itaú.

Só no terceiro trimestre, as despesas com a integração das duas redes somaram R$ 406 milhões, corroendo o lucro que somou R$ 3,03 bilhões no período – excluindo os efeitos extraordinários, o banco teve ganhos recorrentes de R$ 3,2 bilhões e retorno anualizado de 22,5%.

No ano, as despesas com a integração das redes com impacto no resultado somaram R$ 700 milhões – R$ 59 milhões no primeiro trimestre, R$ 235 milhões no segundo e R$ 406 milhões no terceiro. Além desse valor, o banco já tinha provisionado gastos de cerca de R$ 500 milhões para integrar as redes, que não afetaram o resultado no período.

Segundo Calderón, excluídas as despesas com a integração o lucro recorrente do Itaú saltaria de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,4 bilhões e o retorno teria passado de 22,5% para 24,5%. “As despesas estão lá e foram redutoras do resultado mesmo, mas não têm um teor recorrente”, disse.

O banco foi criticado por nunca ter apresentado sua estimativa de ganho de sinergias, como fizera o concorrente Santander na integração com o Real.

“Juntamente com a integração, ampliamos as nossa operação. É muito difícil saber o que é gasto com integração e o que é gasto com expansão”, disse.

De acordo com Calderón, Itaú e Unibanco tinham despesas anuais da ordem de R$ 30 bilhões há dois anos, quando foi anunciada a fusão. Dois anos depois, as despesas seguem nos mesmos R$ 30 bilhões, incluindo tanto a inflação (que levaria as despesas hoje a R$ 33 bilhões) quanto dois anos de expansão do negócio. “Dá para se ter uma ideia dos benefícios decorrentes desse processo. No entanto, boa parte desses benefícios ainda virão”, disse.

REAJUSTE SALARIAL

Com o reajuste de 7,5% dos bancários em setembro, o Itaú teve despesas adicionais de R$ 93 milhões no terceiro trimestre, incluindo o recalculo de estoque de férias e de provisões para o 13º salário dos funcionários. A folha de pagamentos do banco totalizou R$ 3,3 bilhões no terceiro trimestre.

O Itaú Unibanco, maior banco privado brasileiro, fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 3 bilhões, queda de 4,1% em relação ao trimestre anterior, quando registrou lucro de R$ 3,2 bilhões.

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