Brasil 247
Com doação de R$ 2 milhões do banco Itaú à campanha de Marina Silva, do PSB, realizada em 5 de agosto, declaração de voto do presidente da instituição, Roberto Setubal, “pela mudança” e o fim “dessa política econômica medíocre” e apoio financeiro e intelectual dado pela herdeira Neca Setubal a Marina – ela doou R$ 1 milhão ao Instituto Marina Silva, equivalente a 83% do orçamento da entidade em 2013 -, exposição de marca vai ao limite; antes, banco já havia mudado cartão de crédito de Redecard para Rede, coincidindo com nome de partido que Marina tentou fundar; já se sabe, portanto, que Itaú e Marina estão juntos, um dos motivos apontados para a queda da candidata nas pesquisas; politização radical é positiva para uma instituição financeira?
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Os marqueteiros do banco Itaú devem estar curiosos para ver onde vai dar. Comandado e executado pessoalmente pelo presidente Roberto Setubal e a irmã dele, a herdeira Neca Setubal, um plano que, na prática, grudou a marca, como um carimbo ou uma tatuagem, na candidatura de Marina Silva à Presidência da República, foi posto em prática. E, se era mesmo para ter como resultado uma associação direta, pelo pública, entre a ex-seringueira pobre e a marca do maior banco privado do Brasil, de R$ 5,1 bilhões de lucro no primeiro semestre, deu certo.
Mas para quem?
Do ponto de vista de Marina, a sobreposição de imagens tem se mostrado nefasta. Em 5 de agosto, o PSB recebeu uma doação formal do Itaú de R$ 2 milhões. Em seguida, na festa de 90 anos do Unibanco, Setubal discursou sua posição “pela mudança” e pelo “fim dessa política econômica medíocre”. Declarou-se, na interpretação generalizada, por Marina. O mesmo que fez, muito tempo antes, sua irmã e herdeira do banco, Neca Setúbal.
No ano passado, Neca foi responsável por 83% de todos os recursos que abasteceram o Instituto Marina Silva, fundação criada pela candidata do PSB. Neca fez um gesto financeiro de R$ 1 milhão, e nunca deixou de ser uma das principais conselheiras da candidata.
A herdeira do Itaú apresentou-se como coordenadora do programa de governo, pelo lado do Rede, durante a feitura em conjunto com o PSB. A peça, de 242 páginas, deu no que deu: comprovações de trechos plagiados, contraditórios e duramente criticados. Num deles, defende-se a autonomia do Banco Central, proposta reafirmada por Marina ainda na terça-feira 9.
Não há dúvidas, entre analistas de pesquisas e observadores da cena eleitoral, que a associação com o Itaú tem contribuído decisivamente para prejudicar o desempenho de Marina. Na pesquisa Vox Populi divulgada hoje, a candidata do PSB já apareceu oito pontos atrás da presidente, com 28% contra 36% da líder.
A presidente Dilma escolheu uma frase dura, porém verdadeira, para referir-se à ligação tão próxima de Marina com o Itaú, a ponto de aceitar doações para seu instituto, sempre tão cioso em selecionar fontes de recursos.
– Eu não sou sustentada por banqueiros, declarou Dilma, num verdadeiro direto de esquerda sobre a oponente.
Até aqui, a unidade de Marina com Neca e o mundo que ela representa foi sempre positiva para a candidata. Ao mudar, continuará a ser interessante para Marina aparecer tão colada à antiga parceira? E para os negócios do irmão de Neca, Roberto Setubal, o que poderá significar uma derrota de Marina.
Se, em caso de vitória, ele será visto como um dos nomes politicamente mais fortes do sistema financeiro nacional, o que será de se prestígio em caso de resultado reverso? No ano passado, Setubal adiou a sua própria aposentadoria, mexendo nos estatutos do banco para poder ficar mais um ano. Se o movimento de “mudança” não der certo, ele não terá novos motivos para permanecer.
E a marca? O que pode acontecer com a marca Itaú?