Bancos brasileiros como o Itaú e o Bradesco serão alvo do G-20 a partir do segundo semestre, sob o risco de terem de garantir níveis de capitalização superiores aos demais bancos no mundo e assegurar estabilidade no sistema.
A informação é do presidente do Banco Nacional suíço (o BC suíço), Philipp Hildebrand, ao confirmar na terça-feira, dia 22, que o grupo começará a debater uma nova regulação para a operação de grandes bancos nacionais que podem representar riscos à economia mundial se quebrarem. Fontes no governo brasileiro prometem uma “intensa negociação” sobre os eventuais limites impostos aos bancos nacionais.
No fim de 2010, o G-20 discutiu a situação dos bancos e decidiu que instituições financeiras de perfil global, como Citibank, UBS, Credit Suisse e outra dezena de bancos, terão de seguir regulações mais rigorosas para poder operar. A medida faz parte da reforma do sistema financeiro internacional e tem como objetivo claro estabelecer garantias de que eventuais novas falências de bancos não terão de ser resolvidas por governos, aprofundando a dívida pública e colocando economias inteiras em risco.
Os bancos e suas ameaças de quebra foram os principais responsáveis, em 2008, pela crise mundial, na avaliação de BCs de todo o mundo. No fim do ano passado, o G-20 aceitou o plano para restabelecer em 2011 uma nova regulamentação para bancos considerados “grandes demais para quebrar”. Nessa primeira lista estão as instituições financeiras com importância mundial e impacto sistêmico. “Acho que foi acertada a decisão de começar por esse grupo de bancos”, afirmou Hildebrand.
Esses bancos terão de manter em caixa volume de liquidez superior a todos os demais. Além disso, o grau de alavancagem terá de ser inferior ao restante dos bancos. Os limites e volume de dinheiro ainda serão definidos durante o ano. Já está certo de que não haverá bancos brasileiros nessa primeira lista.
“Mas não ficaremos apenas nisso”, disse Hildebrand. “Grandes bancos nacionais passarão a ser tratados também, no segundo semestre.” Questionados se os bancos nacionais terão de seguir novas exigências, Hildebrand não afastou a possibilidade. “Isso é o que vamos começar a discutir”, disse, insinuando que novos colchões de capitalização acima dos demais bancos possam ser exigidos para as instituições brasileiras.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) lembra, no entanto, que os níveis de capitalização dos bancos brasileiros já são superiores aos do resto do mundo. O índice de Basileia estipulado pelo BC do Brasil é de 11%, enquanto o Comitê de Basileia estabelece 8%. Entretanto, na média, os bancos brasileiros praticam um índice de capitalização de 17%, afirma a Febraban.
Se de um lado a inclusão dos bancos brasileiros demonstra o vigor e a dimensão inéditos do sistema financeiro nacional, de outro também ameaça frear a expansão de alguns deles, segundo analistas consultados pelo Estado no Banco de Compensações Internacionais, na Basileia. “É ao mesmo tempo uma honra estar entre os maiores do mundo, mas também um peso extra a partir de agora”, disse a fonte.