Itaú BBA começa operação para montar banco de investimentos no México

Talita Moreira
Valor Econômico

O Itaú BBA dá os primeiros passos para montar um banco de atacado no México. Inicialmente, a instituição vai abrir uma corretora, por meio da qual vai oferecer serviços de banco de investimentos. Num segundo momento, está nos planos a oferta de crédito a empresas do país.

Para conduzir a operação, o Itaú BBA contratou o mexicano Alberto Múlas, executivo que trabalhou em bancos como J.P. Morgan e Lehman Brothers e, de 2001 a 2002, foi responsável pela área de desenvolvimento habitacional no governo do presidente Vicente Fox.

A primeira etapa desse projeto começará a ganhar corpo no início de 2014, quando o Itaú BBA pretende pedir às autoridades mexicanas uma autorização para abrir uma corretora no país. A expectativa é que os trâmites sejam concluídos e a unidade entre em operação até o fim do terceiro trimestre.

A estimativa é que o banco faça investimentos de US$ 20 milhões a US$ 50 milhões para montar essa estrutura, que deverá contar com 50 pessoas.

“Ter uma corretora vai permitir ao Itaú BBA conhecer melhor os fluxos [de negociação de ativos] e entender as tesourarias mexicanas”, afirma Múlas em entrevista ao Valor.

Ao mesmo tempo, diz ele, ter presença local é importante para demonstrar compromisso de longo prazo com o país e abrir portas nas empresas. “O contato direto é muito importante para as companhias mexicanas”, observa Múlas.

Segundo ele, o Itaú BBA ganhará peso para disputar operações no mercado de capitais, assessorar processos de fusões e aquisições e auxiliar grupos mexicanos dispostos a investir no Brasil.

Mais adiante, a ideia é atuar na oferta de crédito a empresas, afirma Múlas. O projeto está em estudo, não tem prazo definido e vai requerer que a instituição peça uma licença de banco. “Conforme se perceba que volumes podem ser alcançados, estaria aberta essa possibilidade”, diz.

O banco sempre olhou com interesse para o crédito corporativo no México. No entanto, a postura tem sido cautelosa, pois o mercado é muito concentrado.

Em sua incursão no México, o Itaú BBA não parte do zero. O banco já tem uma área de análise de investimentos que cobre cerca de 30 companhias do país. Ao mesmo tempo, já tem atuado em operações no mercado de capitais local. Neste ano, o banco foi um dos coordenadores da oferta de ações do Banorte e de uma emissão de dívida da petroleira Pemex.

Com a corretora, entretanto, Múlas afirma que o Itaú BBA estará mais bem posicionado para tirar proveito do aumento do fluxo de recursos entre os países da América Latina. “Pela primeira vez, as economias da América Latina têm aumento na poupança interna. Faz muito sentido que diversifiquem seus investimentos”, destaca.

Como o Itaú Unibanco, controlador do Itaú BBA, se equipara em ativos ao tamanho de quase todo o sistema financeiro mexicano, o banco pode se beneficiar desse movimento, afirma Múlas.

O Itaú BBA está em processo de expansão na América Latina. Neste ano, investiu US$ 200 milhões para montar um banco de atacado na Colômbia. O Itaú BBA também tem uma corretora no Chile e um escritório no Peru.

Ontem, também circularam notícias de que o Itaú Unibanco estaria analisando a compra do chileno CorpBanca, que vale US$ 4,4 bilhões na bolsa. Procurado, o Itaú não comentou o assunto.

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