A promoção de inclusão das minorias, sob a ótica do gênero, raça e a homossexualidade foi destaque na abertura do II Encontro Nacional da Juventude do Ramo Financeiro, que teve início nesta terça, na sede da Contraf-CUT, em São Paulo. Os desafios do sindicalismo para integração dos jovens foram debatidos com a participação da historiadora e mestre em Educação pela USP, Paula Cristina Bernardo, e da técnica do Dieese, Ana Maria Bela Venuto de Freitas.
A promoção da inclusão social dos jovens através do movimento sindical é um processo já iniciado com os debates feitos sobre a questão das mulheres, negros, deficientes e homossexuais no mercado de trabalho bancário, afirma a secretária de políticas sociais da Contraf-CUT, Deise Recoaro. “A participação das minorias e o respeito aos direitos humanos é resultado de um processo histórico de organização da juventude da CUT, e ainda há muito por fazer”, completa Deise.
A historiadora, Paula Cristina, coordenadora pedagógica do Programa de Capacitação e do Centro de Qualificação Social e Profissional da Prefeitura de Osasco, define a juventude como uma fase de transição. “Muitos usam termos como a fase da rebeldia, entre outros. Eu considero se tratar como uma fase de descobertas, em que se vai definir sua inserção no mundo e na vida”, diz.
Segundo Paula, a organização do movimento sindical para definir quem são esses jovens passa por alguns questionamentos, como: para quem estamos falando, por quê e onde estão. “Não é uma tarefa simples, já que há complexidades na própria definição do que é ser jovem, mas é um processo que exige pensar de forma integrada”, diz. “A juventude não é homogênea, é um mundo de diversidades”, completa.
Para a pesquisadora, é preciso conhecer quais são os espaços de relações interpessoais, a sua realidade, história, projetos de vida, e principalmente saber qual é a leitura que os jovens fazem do mundo, seus projetos de sociedade e como se inserir nela.
Já a técnica do Dieese Ana Bela Venuto apresentou dados sobre os jovens no mercado brasileiro, constatando que, entre os desempregados no país, eles são maioria. Segundo dados do Pnad, são 50,2 milhões de jovens nos pais, entre 15 a 29 anos. Destes, 35 milhões são economicamente ativos (seja empregados ou não).
A lógica do trabalho, sobrecarregando o jovem, é uma das preocupações fundamentais nessa faixa etária. Segundo a técnica do Dieese, os jovens trabalham excessivamente, não conseguindo estudar e qualificar-se, conforme as exigências do próprio mercado.
Sobre os trabalhadores bancários, Ana Bela Venuto afirma que os bancos estão demitindo os salários mais altos e contratam com salários menores, fazendo a substituição de remuneração. São 144.812 bancários entre 15 a 29 anos, sendo que a maioria (85%) estão nos bancos múltiplos, com carteira comercial. “Com a crise, os bancos demitiram e agora estão no processo de substituição dos salários altos por baixos”, diz. “É uma diferença entre o lucro e salário que precisa mudar”, acrescenta.
Os debates apontaram para a necessidade de socializar a informação, ou seja, fazer com que o trabalhador tenha acesso às informações em seu ambiente de trabalho, o que muitas vezes é impedido pelo próprio banco. Saber o que significa a linguagem dentro do universo do jovem, desconstruir para construir uma nova realidade, do ponto de vista dele e não do nosso. “Conhecendo a linguagem do jovem, nós podemos politizar a discussão para transformar a realidade”, afirma Paula.