Mobilização forte dos bancários cobra proposta decente dos bancos
A greve dos bancários chegou ao nono dia e continua aumentando em todo o Paraná. Desde que começou, no dia 27 de setembro, o número de agências bancárias paralisadas tem crescido a cada dia. Hoje são 673 agências fechadas no Estado e a adesão dos trabalhadores à mobilização ultrapassa os 15 mil bancários, representando 65% de toda a categoria.
A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Estado do Paraná (FETEC-CUT-PR), que abriga os 10 principais sindicatos do estado, é a representante dos trabalhadores paranaenses na mesa de negociação com os banqueiros.
Segundo dirigentes da entidade, a greve deste ano tem sido uma das mais fortes dos últimos tempos, principalmente com a grande participação dos funcionários nos bancos privados. “A greve continua forte. Tivemos uma grande adesão de trabalhadores e um bom número de agências fechadas. Isso mostra que a categoria está unida e fortalecida”, afirma Elias Jordão, presidente da FETEC-CUT-PR.
Em Curitiba, mesmo com o decreto pela Justiça de interditos proibitórios, em três bancos (Itaú, Bradesco e HSBC), que obrigam os sindicalistas a liberarem as portas das agências para o acesso de funcionários e clientes, a mobilização dos trabalhadores está surpreendendo. 288 agências foram paralisadas e 10.400 bancários aderiram à greve.
O presidente da FETEC-CUT-PR explica que os interditos só são válidos quando não ferem o direito de greve dos trabalhadores. Segundo Elias Jordão, esses artifícios jurídicos estão se mostrando inócuos durante a greve, pois os próprios funcionários das agências bancárias estão aderindo espontaneamente ao movimento grevista.
“Os trabalhadores perceberam que tudo o que produziram durante o ano, gerando enormes lucros aos bancos, não está tendo retorno. Eles estão cansados de tanta pressão por metas e vendas, que acaba desgastando a saúde mental e física de todos, para na hora de negociar serem tratados com descaso e silêncio”, afirma.
Se na capital a mobilização está sendo positiva, no interior do Paraná o movimento está ainda maior e mais fortalecido. Em algumas bases sindicais o percentual de participação dos bancários na greve ultrapassa os 90%. É o caso de Umuarama, Arapoti e Cornélio Procópio, onde quase todas as agências dos municípios da região estão paralisadas.
Até agora, mesmo com a pressão dos bancários nas ruas, a Fenaban, que representa o sindicato patronal dos bancos, ainda não deu sinais de que está disposta a negociar com os trabalhadores. O Comando Nacional, que reúne as federações e sindicatos de todo o país, esteve durante o início desta semana reunido em São Paulo aguardando um chamado para a negociação. Porém, mais uma vez, os banqueiros trataram os trabalhadores com descaso e não tomaram nenhuma atitude.
A previsão dos dirigentes sindicais é que nos próximos dias a Fenaban se sensibilize com a pressão dos bancários e inicie uma nova negociação. “Nós acreditamos que não irá demorar para que eles retomem as negociações. Os banqueiros estão querendo pagar para ver até onde vai a força da nossa mobilização, mas os trabalhadores estão demonstrando nas ruas o descontentamento com as condições de trabalho e exigindo que o esforço de todos seja recompensado de forma justa”, esclarece Jordão.
Confira o número de agências fechadas no Estado:
Apucarana e região – 40 agências
Arapoti e região- 37 agências
Campo Mourão e região – 26 agências
Cornélio Procópio e região – 38 agências
Curitiba e região – 288 agências
Guarapuava e região – 36 agências
Londrina e região – 89 agências
Paranavaí e região – 25 agências
Toledo e região – 28 agências
Umuarama e região – 66 agências