Greve dos bancários cresce, paralisa 7.437 agências e já é maior que 2009

Manifestação dos bancários em agência no Rio de Janeiro

A greve nacional dos bancários de 2010 já superou o número de agências fechadas no movimento do ano passado. Conforme dados enviados pelos sindicatos e federações até as 18h para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), nesta terça-feira, 5, sétimo dia da paralisação, 7.437 agências de bancos públicos e privados não abriram suas portas nos 26 Estados e no Distrito Federal. Em 2009, os bancários paralisaram 7.222 unidades no dia de maior mobilização da greve.

São 910 agências fechadas a mais do que nesta segunda-feira, um aumento de 14%. Em relação ao primeiro dia da greve, iniciada na última quarta-feira, 29 de setembro, o crescimento é de 92,5%. Ainda foram paralisados centros administrativos e outras dependências dos bancos em todo país.

“O fechamento de agências cresceu todos os dias desde o início da greve, mostrando o aumento da adesão dos bancários e a força do movimento, apesar das práticas antissindicais adotadas pelos bancos”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

“Os bancos empurraram os bancários para a greve, com uma postura intransigente e uma proposta rebaixada de reajuste. Agora, eles não aguentam a pressão da categoria e apelam para práticas antissindicais, em vez de retomar as negociações e apresentar uma proposta decente para a categoria”, destaca o dirigente sindical. “Com lucros bilionários, os bancos não têm motivos para não atender a pauta de reivindicações dos bancários”, justifica.

Ele denuncia a utilização de medidas autoritárias pelos bancos em todo país, como o interdito proibitório para impedir o convencimento dos trabalhadores, o uso da polícia para tentar abrir agências, a convocação de funcionários para entrar na madrugada nos locais de trabalho e a utilização de helicópteros para transporte de empregados, dentre outras. “O exercício da greve é um direito constitucional do trabalhador e não pode ser cerceado pelos bancos”, aponta o dirigente sindical.

“Mas a greve está crescendo cada vez mais, demonstrando a insatisfação dos bancários. A Fenaban deveria ouvir esse recado, acabar com o silêncio, aproveitar a disposição de negociar do Comando Nacional e apresentar uma proposta decente que atenda às reivindicações da categoria”, sustenta Cordeiro.

Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção da saúde que inclua o combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades, mais segurança, previdência complementar para todos e fim da precarização via correspondentes bancários. Os bancos propuseram apenas reajuste de 4,29% (inflação do período) e rejeitaram as demais reivindicações.

Disposição de negociar

O Comando Nacional enviou nesta segunda-feira, 4, uma carta ao presidente da Fenaban, Fábio Barbosa, reafirmando a disposição de negociar para buscar um acordo “que atenda à expectativa” da categoria e repudiando a postura das instituições financeiras, que apostam no confronto ao adotar práticas antissindicais para tentar enfraquecer o movimento dos trabalhadores. O documento foi remetido após a reunião do Comando Nacional, ocorrida em São Paulo.

“Lembramos que a greve é instrumento legal e que a lei nº 7.783/89 prevê em seu artigo 6º a realização de piquetes como meio de convencimento dos trabalhadores frente à intransigência das instituições financeiras, que se recusam em apreciar com seriedade as reivindicações levadas pela categoria”, destaca o ofício.

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