O gerente de conta da agência Estilo do Banco do Brasil em Ipanema (Rio de Janeiro), Paulo Celestino, de 41 anos, sofreu um infarto fulminante, na última terça-feira (31/5), após acabar de atender um cliente. A pressão do banco sobre os funcionários para que atinjam metas absurdas de venda de produtos foi apontada pelo representante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, Carlos de Souza, como um dos fatores que pode ter levado Paulo à morte.
Segundo o dirigente, existe um assédio moral institucionalizado que tem causado o aumento do número de ocorrências de doenças físicas e psicológicas entre os funcionários. Nos últimos meses, três gerentes do banco na cidade do Rio de Janeiro morreram de infarto. “A pressão por metas tem forçado os funcionários a se violentar, indo muito além de suas possibilidades para que o BB continue alcançando lucros absurdos da ordem de R$11,7 bilhões, como aconteceu ano passado”, constatou o dirigente.
Carlos lembrou que esta prática pouco ou nada se diferencia das dos bancos privados. “Um banco público não pode se preocupar mais com o lucro do que com a vida dos funcionários e o desenvolvimento econômico e social. Mas, infelizmente, é o que vem acontecendo com o BB”, criticou.
Fim do assédio
O caso da morte de Paulo Celestino foi levado pela Comissão de Empresa dos Funcionários para a mesa de negociação permanente, que teve uma nova rodada na última quarta-feira (1º/6). “Fizemos uma declaração de repúdio aos representantes do banco pela morte do Paulo. Exigimos o fim da pressão sistemática por metas. O falecimento de mais este companheiro por infarto e o adoecimento de tantos outros são um sintoma de que o BB tem que rever sua política”, afirmou.