Gerente do BB em Rondônia praticou assédio moral, conclui Ministério do Trabalho

Investigação do Ministério do Trabalho em Rondônia confirmou que a gerente do Banco do Brasil no Estado, Luiza Miarelli, praticou assédio moral contra seus subordinados.

No processo investigativo nº 46216.002108/2008-78, o Núcleo Pró-Dignidade da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego – SRTE (antiga DRT), do MT emitiu relatório conclusivo na última quarta-feira (15) confirmando que “por todo o exposto ficou cristalino que a Sra. LUIZA MIARELLI praticou assédio moral contra diversos empregados (seus subordinados) e que causou sérios prejuízos a diversos deles. Um após ficar doente (estresse) ‘pediu demissão’ e tinha pensamentos suicidas; outros foram ou tiveram que pedir transferência. Há noticia de vários afastamentos por doença relacionada ao assédio”.

Consta no relatório que em Buritis, entre 2004 e 2005, outra vítima de assédio denunciou “que a Sra. LUIZA comentava entre os funcionários sobre a ‘incompetência’ dele e ‘prometia’ o cargo para os demais colegas; ela fumava dentro da agência (prática perpetuada na agência de São Miguel) e dizia ‘eu mando’; ainda dizia ao depoente que como gerente não poderia ter amizade com os demais funcionários; que deveria escolher entre o banco ou a família, que o banco era a vida dela; ameaça de ‘descomissionamento’ e transferência para quem não se alinhasse com ela; disse categoricamente que tudo que pudesse fazer para prejudicar o depoente faria”.

“No depoimento de outro funcionário que trabalhou com a (assediadora) Sra. Luiza em MONTE NEGRO: que trabalhou entre 2002 e 2003 na função de caixa; que ela o chamava de incompetente em reuniões e em particular; trabalhava além da jornada, por determinação dela; também era obrigado a trabalhar aos sábados; que fumava dentro da agência causando mal estar entre os funcionários”; consta em outra parte do relatório, que foi assinado por dois auditores fiscais do trabalho, que investigaram um período de aproximadamente sete anos, em quatro unidades diferentes.

Em depoimento de um vigilante que trabalhou na agência de Buritis ele denunciou “que também sofreu assédio da Sra. LUIZA, inclusive acionando judicialmente o banco: que sequer o deixava que bebesse o cafezinho do banco, pois dizia que não pertencia a empresa dele; não permitia que comesse o pão no momento do lanche; que era obrigado a trabalhar além do horário; que se ele não ficasse era ameaçado de demissão ou transferência por queixa; que muitas vezes teve vontade de bater na gerente; que via a mesma humilhar funcionários; que via porque ficava na agência e não tinha como não escutar as humilhações”.

Os auditores da SRTE relatam um caso gravíssimo acontecido na própria agência de São Miguel, no final de 2007, de um gerente que denunciou as seguintes práticas: “fazia reuniões e pressionava os trabalhadores, perguntava se gostavam dela; relata que passou a sofrer contínuas sessões de assédio ou ‘tortura’ como preferiu chamar e que, pasmem eram realizadas fora do expediente na cozinha da agência. Passou a pressionar a vítima dizendo que esta desempenhava mal suas funções; que na ocasião da avaliação de chefia (que era feito por meio eletrônico) a Sra. LUIZA determinava que os funcionários abrissem o ‘sistema’ e fizessem a avaliação na sua frente, o que garantia sempre uma ‘ótima’ avaliação; a rotina de pressões eram praticamente diárias”.

Os auditores fiscais relatam que “diante da inoperância da direção regional do banco com relação às denúncias, chega-se a conclusão que estas atitudes e omissões da empresa criam o que a doutrina classifica como ambiente propício à disseminação de práticas de assédio moral”; ressaltando, ainda, que “fica claro que não se trata de denuncismo sindical, pois existem dezenas de gerentes, não só do Banco do Brasil, como de outros Bancos e atualmente só temos notícia desta gerente sendo denunciada”.

Na conclusão do relatório consta, também, que: “Vê-se claramente nos depoimentos a prática de assédio, que em alguns casos são de pessoas que sequer se conheciam e que trabalharam com a assediadora em locais e tempos distintos. Encontramos a figura da Mãezona, que se diz amiga e depois, ao saber dos problemas particulares os usa contra o funcionário; sugerir que peça demissão; humilhar na frente de todos; ameaçar com transferência e/ou retirar função; chamar de incompetente; obrigar o funcionário a lhe avaliar na sua presença; que escolha o serviço ou a família”.

Na história de luta do Sindicato dos Bancários de Rondônia contra o assédio moral, a entidade já tratou de inumeros casos, em bancos públicos e privados, os quais em sua grande maioria foram resolvidos administrativamente, sem acionar os órgãos fiscalizadores ou a Justiça; entretanto, este certamente é o mais grave e dramático já enfrentado; tanto pelo número de vítimas e grau de sofrimento infligido; quanto pelo longo período de tempo em que tais práticas foram perpetuadas, graças à completa omissão e negligência do Banco do Brasil; uma situação vergonhosa, que mancha a história da instituição.

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