Prestes a assumir a presidência do Banrisul, o banco estadual do Rio Grande do Sul, o atual secretário de Planejamento do Estado, Mateus Bandeira, prepara-se para colocar em prática projetos para expansão dos negócios e melhoria dos níveis de eficiência. A instituição é controlada pelo governo gaúcho, mas tem 43% do capital em circulação no mercado desde a oferta pública de ações feita em 2007. Os planos incluem a redução das despesas administrativas e o lançamento de produtos e serviços voltados principalmente à ampliação da carteira de crédito para empresas.
O futuro presidente promete centrar foco no combate às despesas administrativas. O plano é cortar R$ 45 milhões neste ano, excluído o pagamento de pessoal, sobre uma base de gastos de quase R$ 700 milhões em 2009, para melhorar o nível de eficiência – que mede o volume de receitas consumidas na cobertura de despesas administrativas – dos atuais 52% para 50%.
“Vamos rever processos, investir em tecnologia e renegociar preços com fornecedores de produtos e serviços”, disse Bandeira, que contará com a consultoria do Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial (INDG), contratado ainda no ano passado. Com custos menores, o Banrisul também espera reduzir tarifas e aumentar a base atual de 3 milhões de clientes, explicou o executivo.
O banco prevê um crescimento, em 2010, de 22% a 25% da carteira de crédito total, que alcançou R$ 13,4 bilhões em 2009 (com expansão de 17,1%) e hoje já supera os R$ 15 bilhões. A meta de Bandeira é reforçar principalmente as operações de crédito comercial com pessoas jurídicas, que no ano passado cresceram só 3,7% por conta dos efeitos da crise econômica, para R$ 4,7 bilhões, enquanto o segmento pessoa física deu um salto de 38,1%, para R$ 5,4 bilhões.
Com quase 400 agências (de um total de 438) no Rio Grande do Sul, a instituição detém 28% da rede local de atendimento bancário, 20% dos depósitos e 17% das operações de crédito no Estado. No fim de 2009 o Banrisul era o 11º maior do país no ranking do Banco Central por ativos totais e nono em depósitos totais. “Temos espaço para crescer”, afirmou o futuro presidente, que deve ficar no cargo até que o futuro governador, a ser eleito este ano, indique seu sucessor.
No mês que vem o banco pretende colocar no mercado um sistema de crédito pré-aprovado para pequenas e médias empresas. O produto está em fase final de testes e o objetivo é atingir 150 mil tomadores em seis meses, disse o atual presidente, Fernando Lemos. “Vamos facilitar a concessão de empréstimos para os clientes que têm bom histórico conosco”, explicou. Segundo Bandeira, com a nova modalidade a carteira de crédito para pessoa jurídica deve crescer cerca de 20% neste ano.
Outro projeto que deve sair do papel no segundo semestre é um novo produto no segmento de cartões de crédito para aproveitar a abertura de mercado no segmento. Lemos e Bandeira não dão detalhes, mas a tendência é que o banco utilize a rede de pagamento eletrônico Banricompras, com quase 90 mil estabelecimentos comerciais e de serviços credenciados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, para fazer a captura e processamento de operações com cartões de outras bandeiras.
O banco também iniciou uma ofensiva mais forte sobre o mercado de Santa Catarina, onde desde o início de 2009 aumentou de 13 para 23 o número de agências. Tanto Lemos quanto Bandeira afirmaram que a expansão no Estado vizinho vai continuar, mas o número de pontos que serão abertos em 2010 ainda não foi definido.
A indicação de Bandeira para a presidência do Banrisul foi aprovada ontem pela Assembleia Legislativa do Estado. Membro do conselho de administração do banco há quase dois anos, ele espera agora pela autorização do Banco Central para assumir o cargo num prazo estimado de dez a 15 dias.
Com 41 anos de idade, graduado em informática, com pós-graduação em finanças e gestão e MBA em finanças corporativas e políticas públicas na Wharton School, da Universidade da Pensilvânia (EUA), Bandeira fala numa “transição tranquila” no comando do banco. Desde que foi indicado para o cargo pela governadora Yeda Crusius (PSDB), no dia 19 de março, participa de reuniões quase diárias com os atuais diretores da instituição. Lemos permaneceu no posto pelo período recorde de sete anos, apesar da troca de partidos (PMDB pelo PSDB) no governo estadual em 2007.