O Estado de São Paulo
A Autoridade de Investimento do Kuwait, o fundo soberano do país do Golfo, informou ontem que vendeu a participação de US$ 4,1 bilhões que possuía no Citigroup tendo lucro com o negócio.
O fundo, conhecido como KIA (Kuwait Investment Authority, em inglês), afirmou que lucrou US$ 1,1 bilhão com a venda da participação adquirida menos de dois anos atrás, quando o Citigroup estava precisando de dinheiro com urgência.
Ao todo, a transação rendeu um retorno de 36,7% sobre o valor investido, segundo um comunicado divulgado pelo KIA, por e-mail. “A autoridade converteu suas ações preferenciais para ações ordinárias, após negociações com a administração do banco, vendendo todas as ações por US$ 4,1 bilhões”, diz o comunicado.
O KIA investiu US$ 3 bilhões no Citi e outros US$ 2 bilhões no Merrill Lynch em 2008, conforme os bancos de Wall Street se voltaram para investidores do exterior, a fim de repor o capital atingido pelas perdas com hipotecas de alto risco nos EUA. Os fundos soberanos estão se desfazendo de investimentos em bancos ocidentais, após comprar grandes participações quando as ações atingiam cotações mínimas, no auge da crise financeira global.
A saída do Kuwait do Citi ocorre quando um fundo soberano rival, a Autoridade de Investimento de Abu Dabi, pode ter de pagar mais por US$ 7,5 bilhões em ações da Citi. O fundo de Abu Dabi se comprometeu a comprar essas ações por US$ 31,83 cada, em um acordo fechado há dois anos.
O fundo baseado nos Emirados Árabes Unidos, também conhecido como ADIA (Abu Dhabi Investment Authority), comprometeu-se em novembro de 2007 a injetar bilhões no Citi, em troca de um dividendo de 11% até março do ano que vem, quando tem de começar a vender as ações ordinárias do banco. A ação do banco comercializada em Nova York fechou a US$ 4,09 na semana passada.
Tanto o KIA como o ADIA ajudaram a resgatar o Citi, que recebeu duas injeções de capital do Tesouro dos EUA, o que deixou o governo norte-americano com 34% do banco. Em março, as ações do Citi chegaram a valer menos de US$ 1.
Os fundos soberanos do Golfo, cheios de petrodólares vindos de uma valorização de seis anos do petróleo encerrada em 2008, injetaram bilhões nos bancos ocidentais no ano passado, quando as instituições estavam em dificuldade.
Além dos bancos, grandes empresas também têm sido alvo de investimentos por parte de fundos soberanos dos países árabes. É o caso das alemãs Volkswagen e a Daimler, matriz da Mercedes Benz.
O KIA é um dos mais antigos e experientes de vários fundos soberanos de governos do Oriente Médio, com investimentos estimados em mais de US$ 200 bilhões. Seu investimento no Citi gerou críticas por parte de autoridades do Kuwait, temendo grandes perdas para a riqueza da nação.
O movimento do fundo foi uma surpresa. Em setembro, o KIA disse que não tinha intenção de vender as suas participações no Citigroup, pois suas politicas visavam o longo prazo.