Os empregados do Banco do Brasil realizaram manifestação nesta sexta, dia 19, em frente ao prédio da rua Uruguai, pedindo à direção do banco mais seriedade nas negociações e o cumprimento dos acordos firmados nas últimas campanhas salariais. Além da Capital gaúcha, houve mobilizações em Belo Horizonte, Pernambuco, Paraíba e Piauí. Em São Paulo, o ato foi antecipado para quinta, dia 18.
Plano de Carreira, Cargos e Salários
As negociações foram retomadas no dia 3 de fevereiro de 2010, quando a Contraf-CUT apresentou as premissas que pretende ver atendidas no projeto. Discussões sobre o assunto são oriundas de 2004. Em função de acordo coletivo, foi formado um Grupo de Trabalho (GT) para discussão e apresentação de relatórios sobre Plano de Cargos e Salários (PCS) e o Plano de Cargos Comissionados (PCC) vigentes à época. O objetivo era formatar um novo PCC/PCS. Esse Grupo de Trabalho não prosperou, em função das premissas adotadas pelo BB, pois não estavam vinculadas à expectativa do funcionalismo.
As negociações prosseguem no dia 3 de março de 2010, quando serão debatidas de forma mais detalhadas questões como TAO (programa de talentos e oportunidades do BB), GDC, GPD, certificação, alçadas de comissionamentos e descomissionamentos, seleção interna e qualificação profissional, entre outros temas. Na Campanha Salarial de 2009, o banco se comprometeu a implementar o PCCS até o dia 30 de junho de 2010.
Saúde, condições de trabalho e plano odontológico
Os bancários do BB também cobraram a implantação imediata do plano odontológico, uma reivindicação histórica que começou em 2001, quando o movimento sindical conseguiu pautar um projeto para a implementação do serviço. Em 2003, após vários estudos e pesquisas, a CASSI finalizou a concepção do Programa Odontológico.
Em 2005, o plano recebeu o registro da Agência Nacional de Saúde (ANS), cumprindo todos os requisitos para entrar em funcionamento. Superados os problemas financeiros da CASSI em 2007, quando o funcionalismo aprovou a alteração do estatuto da caixa da assistência. Na Campanha Salarial de 2008, o BB se comprometeu a implantar o plano até 30 de junho de 2009.
Entre junho e dezembro de 2009, durante as negociações, o banco informou que implementaria o plano até 31 de janeiro de 2010, o que novamente não se concretizou.
“O Banco do Brasil veicula diariamente peças publicitárias afirmando que é o banco da responsabilidade sócio-ambiental, mas em contrapartida não cumpre nem os acordos firmados com seus trabalhadores. Responsabilidade social começa em casa, com seus funcionários”, advertiu o diretor do SindBancários Pedro Loss.
Para o diretor do SindBancários Júlio Vivian, a postura do BB não condiz com a de um banco público. “Nos últimos anos, o BB tem adotado o papel de um banco privado, que não se preocupa com seus funcionários, com a população e com o desenvolvimento do Brasil. Atualmente, as metas abusivas impostas pela direção do BB são responsáveis pelo adoecimento dos trabalhadores e seu afastamento. As principais doenças são as psico-emocionais e LER/DORT.”
O secretário-geral do SindBancários, Fábio Soares Alves (Fabinho), afirmou ser importante que haja mais comprometimento e participação dos bancários. “Hoje começa uma caminhada que queremos fazer ao lado de todos os empregados do banco. A crise mundial já é passado, e as instituições financeiras não podem mais usá-la como desculpa para não nos ouvirem.”
“No fim do ano, todos verão que o lucro dos bancos será maior. Para o SindBancários, isso significa que há espaço para melhorar as condições de trabalho dos funcionários do BB. Não basta que a pauta seja interessante para nós, a direção precisa nos ouvir,e só seremos ouvidos com o auxílio de vocês, bancários. Só reclamar não resolve, é necessário participação dos funcionários”, conclui Fabinho.
Já o diretor Financeiro do SindBancários, Tiago Pedroso, lembrou que o sindicato está atento às condições de trabalho nas agências, e que a ação da entidade não se resume às campanhas salariais. “Estamos trabalhando para acabar com o assedio moral, o que acreditamos que será minimizado com a instalação dos comitês de ética, uma das conquistas da Campanha Salarial de 2009”, informou o diretor.
Caso a postura do banco não mude, estão previstos mais protestos nos próximos meses. O movimento sindical acredita que só assim a direção do BB ouvirá os bancários e cumprirá com os acordos firmados.