Fórum da Igualdade encerra debatendo a democratização da comunicação

Palestrantes cobraram novo marco regulatório da comunicação

No encerramento do III Fórum da Igualdade, na tarde de terça-feira, dia 9, no plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre, foi realizado o painel “Liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.”

A TELESUR, a imagem da mulher na mídia e a importância da regulamentação dos meios de comunicação foram os temas abordados pelos painelistas.

Integração latino americana

As recentes mudanças na política e nas comunicações nos países da América Latina foram abordadas por Carlos Alberto Almeida, da TELESUR – Brasil. Para ele, a TELESUR é um fruto dessas mudanças que integram a América Latina.

“A nossa televisão tem a missão de revolucionar a cultura. Era necessário inverter a lógica de que a América Latina era subordinada. Vivemos a ampliação de direitos e uma integração nessa América, a TELESUR mostra essa realidade, até então escondida”, disse.

Segundo Almeida, as informações veiculadas nos meios de comunicação só retratam as diferenças entre os países. “É um jornalismo de desintegração, jogam nação contra nação”, afirmou. De acordo com o painelista, a nova realidade das comunicações na América Latina irá gerar a necessidade de novos conceitos no jornalismo, que apontem para essa integração que estamos vivendo.

Discriminação de gênero e sexualidade nas mídias

A professora da UFRGS, Jane Felipe, abordou como a mídia aborda a questão de gênero, muitas vezes promovendo uma violência emocional contra as mulheres. “É uma violência difícil de ser percebida, pois é muito sutil e são produzidas por diversos artefatos culturais que exaltam as diferenças de gênero”, explicou.

“A mídia retrata a mulher como um objeto ou com insinuações de que são fúteis e frágeis”, falou, dando como exemplo a campanha elaborada pela prefeitura de Porto Alegre para o Dia Internacional da Mulher.

Outro ponto abordado por ela foi a erotização infantil na publicidade. A professora mostrou imagens de propagandas que erotizavam os corpos infantis. “A sociedade potencializa essa erotização e há um potencial erótico cada vez mais precoce”, afirmou. “Essas imagens não são neutras, há uma violência emocional nelas”, concluiu.

Regulamentação dos meios de comunicação

Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schroeder, um marco regulatório da comunicação é fundamental para garantir a liberdade de expressão. “Os meios de comunicação precisam ser regulamentados do ponto de vista do serviço que são. A sociedade tem que dizer que modelo de serviço quer e o governo tem a obrigação de nos dar esse modelo”, acredita.

Segundo Schroeder, as centenas de propostas aprovadas na I Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM) mostram que modelo é esse. “Monopólios e oligopólios não podem em setor nenhum, pois impedem a liberdade. Mas apenas na comunicação combater esses conglomerados é visto como censura.”

Ele finalizou afirmando que é dever dos movimentos sociais pressionar para que o governo apresente o marco regulatório. “Conseguimos democratizar um país, não vamos conseguir democratizar a comunicação?”, questionou Schroeder.

Por fim, o jornalista Altamiro Borges afirmou que no Brasil não há liberdade de expressão. “Há a liberdade dos monopólios das famílias que comandam as empresas de comunicação no país”.

De acordo com ele, o grande partido do capital é a mídia e os movimentos sociais já entenderam a importância da democratização da comunicação para avançar nas agendas que disputam.

“Evoluímos bastante, mas penso que precisamos avançar em duas frentes: fortalecendo os nossos sistemas de comunicação como a imprensa alternativa, as TVs públicas, as rádios comunitárias, rediscutir a publicidade. Outro ponto é quebrar o poder da grande mídia, fazendo valer a nossa Constituição e acabando com os monopólios”, declarou.

Após, o debate foi aberto para a plenária. Nos dois dias de evento, o III Fórum da Igualdade reuniu centenas de pessoas.

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