FOLHA DE SÃO PAULO
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, comanda, pelo sexto ano consecutivo, a greve dos bancários. Sem acordo com os bancos, a paralisação por tempo indeterminado entra hoje no 13º dia. “A greve só acaba quando houver uma proposta de aumento salarial e PLR [Participação nos Lucros e Resultados] mais justa. Os bancos têm condições de atender às reivindicações da categoria.” A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha.
FOLHA – Segundo a Fenaban (federação do setor), havia ainda espaço para negociar antes de a paralisação ser decretada.
LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO – A greve foi feita no momento adequado e até demorou para ser decretada. Tivemos cinco rodadas de negociação neste ano só para discutir um novo modelo para pagamento de PLR. Desde que concluímos a negociação salarial do ano passado, já havíamos acordado que seria necessário adotar um novo modelo de PLR porque neste ano não haveria base de comparação do lucro, como em períodos anteriores, em virtude das fusões que ocorreram em 2008.
FOLHA – Qual o principal entrave nas negociações com os bancos?
MARCOLINO – Após várias rodadas de negociação, a Fenaban apresentou uma proposta rebaixada de PLR. Desde 1996, temos garantida na convenção coletiva uma fórmula que prevê pagamento de 90% do salário mais R$ 966 fixos distribuídos igualmente a todos os empregados. O banco pode gastar até 15% do lucro líquido para fazer essa distribuição. E há uma regra que diz que banco que gastar menos de 5% do lucro líquido tem de pagar ao menos 2,2 salários a cada empregado, com limite previsto de R$ 13.862. A proposta deste ano reduz o teto para R$ 10 mil e a distribuição de lucro para 4% do lucro.
FOLHA – Além da PLR, há outros impasses na negociação?
MARCOLINO – No ano passado, tivemos processo de fusão de três grandes bancos e, por isso, pedimos que seja incluída uma cláusula de garantia no emprego. Mas há resistência dos bancos. Também pedimos aumento real de salário, e os bancos ofereceram 4,5% de reajuste, o que apenas repõe a inflação.
FOLHA – A greve não causa transtornos à população ? Segundo os bancos, os mais prejudicados são aposentados que recebem seus benefícios nas agências…
MARCOLINO – Os caixa eletrônicos estão abertos. Temos como princípio não prejudicar a população. Há uma combinação entre a paralisação nas agências e em locais estratégicos. Sempre uma parte da categoria está trabalhando.