Folha: bancos continuam a restringir crédito no 2º trimestre, diz BIS

FOLHA DE SÃO PAULO
DA REDAÇÃO

Apesar dos sinais de recuperação da economia global, as instituições financeiras no mundo todo continuaram a restringir o crédito para o setor privado no segundo trimestre deste ano, na avaliação do BIS (Banco para Compensações Internacionais, que é uma espécie de BC dos bancos centrais).

“A ainda menos do que robusta saúde financeira dos bancos ficou refletida no contínuo aperto das condições para empréstimo. Além disso, apesar da emissão moderadamente razoável de títulos pelo setor financeiro, os bancos continuaram a depender parcialmente de financiamento garantido pelos governos”, disse a entidade na revisão trimestral do sistema financeiro internacional.

Para chegar a essa conclusão, o BIS usou, entre outros dados, os empréstimos internacionais realizados por meio de consórcios de bancos (geralmente utilizados em grandes operações), que mostram que houve uma melhora do primeiro para o segundo trimestre, mas com números bem abaixo da média dos últimos anos, tanto nos países ricos como nos emergentes.

No segundo trimestre, esses empréstimos (que são em sua maioria usados por empresas não financeiras) totalizaram US$ 255 bilhões, alta de 31% em relação aos primeiros três meses de 2009, mas distantes dos resultados dos últimos anos. No segundo trimestre de 2008, eles ficaram em US$ 473 bilhões, e, no mesmo período de 2007, em US$ 839 bilhões.

No Brasil, porém, essa forma de financiamento não seguiu a tendência global e continuou a cair: de US$ 2,1 bilhões em contratos assinados entre janeiro e março para empresas de origem brasileira para US$ 1,1 bilhão nos três meses seguintes -o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2006.

Uma das explicações para que o crédito global continue restrito (o aperto começou ainda no fim de 2007 e se acentuou bruscamente a partir de setembro de 2008) é que, apesar de os bancos registrarem “lucros surpreendentemente fortes” no segundo trimestre, há ainda dúvidas sobre a “qualidade e a sustentabilidade” desses ganhos, de acordo com o BIS.

Para a entidade, essa cautela é explicada por uma série de motivos, entre eles o de que os lucros dos bancos foram impulsionados por medidas como vendas de ativos, que não têm relação com as operações essenciais das instituições.

Outro fator, diz o BIS, é que ainda não está claro se o aumento de provisões para perdas com empréstimos é apenas uma precaução (com impacto somente temporário nos ganhos dos bancos) ou uma indicação de que ocorrerão mais prejuízos com financiamentos.

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