A cada três dias um caixa eletrônico é roubado na capital e na região metropolitana de São Paulo, base do Sindicato. No primeiro trimestre de 2009, houve pelo menos 30 ocorrências de assaltos e furtos a autoatendimentos dos bancos, conforme levantamento realizado pelo jornal Diário de S.Paulo com base em registros divulgados sobre esse tipo de crime.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, a insegurança nos bancos é um verdadeiro convite aos bandidos. “As instituições financeiras não se preocupam como deveriam com a segurança. Preferem arcar com os custos de um assalto do que contratar mais vigilantes ou instalar portas de segurança antes do autoatendimento”, diz Marcolino.
Os caixas de autoatendimento são hoje o principal canal de serviço dos bancos, respondendo por um terço de todas as transações bancárias realizadas no país, segundo dados da Federação de Bancos (Febraban). Com 170,2 mil equipamentos instalados, o Brasil é hoje o terceiro maior usuário de ATMs em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão.
Segurança só eletrônica
Enquanto as agências sofrem com a falta de segurança, os bancos investem pesado para proteger o internet banking. O sistema financeiro nacional é um dos que mais gastam dinheiro com segurança eletrônica no mundo e os dispositivos desenvolvidos aqui servem de referência para os demais países.
“Os bancos estão mais preocupados em proteger o dinheiro do que a vida das pessoas. As instituições financeiras têm muitos prejuízos com os furtos online e o investimento em segurança eletrônica compensa as indenizações”, diz Marcolino.
Para Denny Roger, do Comitê Brasileiro Sobre as Normas de Gestão de Segurança da Informação, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os bancos investem mais em segurança eletrônica porque o prejuízo com os furtos virtuais são maiores. “Num assalto à banco, a polícia pode ir atrás dos criminosos, prendê-los e recuperar o dinheiro. No furto virtual é mais difícil identificar o ladrão”, comenta Denny, que é especialista em análise de risco, projetos de redes seguras e perícia forense. Ele trabalha com segurança eletrônica dos bancos desde 1995 e praticamente viu nascer o internet banking no Brasil.
Segundo Denny, embora a segurança eletrônica dos bancos brasileiros seja uma das maiores do mundo, os bandidos sempre estão à frente e desenvolvem novas tecnologias mais rápidas que as instituições financeiras. “O bandido é mais pró-ativo. Eles inventam novas formas de roubar todos os dias, enquanto os bancos somente correm atrás e criam defesas para crimes que já existem”, diz.