(Belo Horizonte) A ex-vendedora de materiais de construção Isabel Cristina Silva, 34 anos, moradora de Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem uma definição bem objetiva para sua atual função. ‘Antes eu vendia material de depósito. Agora vendo dinheiro‘, explica Isabel, que se tornou agente bancária e integra o exército do crédito desde junho do ano passado. Não há números sobre o volume de agentes bancários em atuação hoje no país ou
Isabel, que trabalha com crédito direto ao consumidor (CDC), consignado e outras linhas de financiamento, conta que fecha contratos todos os dias, a maioria com desconto em folha de pagamento. ‘A maior propaganda é boca a boca mesmo‘, relata a agente, que com o comissionamento pelas captações alcança um rendimento mensal de R$ 1.500. Ela abriu um escritório no centro de Matozinhos, cidade de aproximadamente 34 mil habitantes.
Para a comerciante Solange Viana Lélis, 37 anos, de Santa Bárbara, a
A comerciante conta que utiliza carros de som, panfletagem e a própria propaganda boca a boca como meios de divulgação. ‘Fecho uns 40 contratos por mês. A comissão depende do banco e do mês, mas varia, em média, de 2% a 7% sobre o valor do empréstimo. Ganho entre R$ 600 e R$ 1.100‘, revela.
Também há aqueles agentes que trabalham de forma mais ativa, visitando os potenciais clientes em seus locais de trabalho. É o caso da agente Juliana Lana, 27 anos, que visita pelo menos três vezes por semana batalhões e companhias de Contagem e Betim para oferecer o crédito consignado aos militares. ‘No começo, trabalhei direto no batalhão por uns dez meses. Agora já tenho minha própria carteira‘, detalha.
O diretor de Tecnologia e Consignação do banco Pan Americano, Roberto Rigotto, compara a figura do agente bancário à de um corretor de seguros. ‘O agente leva o financiamento até onde o cliente está, seja em casa, na igreja, no trabalho ou no ponto de ônibus. Hoje, quando alguém quer fazer um seguro procura um corretor. A tendência é que o agente passe a desempenhar cada vez mais esse papel de corretor de empréstimos‘, aponta.
Números
Há, hoje, no país, 90.424 correspondentes bancários, de acordo com o último levantamento do Banco Central, quase 30 mil a mais do que os 63.509 registrados em 2000. O chefe do departamento de Organização do Sistema Financeiro do Bacen, Luiz Edson Feltrim, explica que há dois tipos de correspondentes. No primeiro e mais conhecido, o correspondente atua como um bureau, recebendo pagamento de contas, efetuando saques e depósitos.
‘Nesse caso ele não pode ser exclusivamente correspondente, tem de ter uma outra atividade fim‘, explica, lembrando que aí se encaixam as lotéricas, drogarias e mercearias. O segundo tipo de correspondente, também conhecido com promotor de vendas, atua como intermediário das instituições financeiras para concessão de crédito. ‘Eles captam o cliente e encaminham a proposta aos bancos‘, detalha. São esses correspondentes que ampliam sua capilaridade por meio de contratos de prestação de serviços celebrados com os agentes bancários.
Há ainda, a terceirização da terceirização. A Cash Milenium, por exemplo, correspondente bancária do banco Semear, prefere não contratar pessoas físicas e só trabalha com correspondentes de menor porte. ‘Temos uma equipe de 300 correspondentes em Minas, Rio, Espírito Santo e Brasília’, diz a diretora da Cash Milenium, Cláudia Martins Araújo Ribeiro. A diretora explica que a ‘quarteirização‘ acontece porque os bancos preferem centralizar suas parcerias em grandes correspondentes. ‘Nesses casos, a comissão é dividida‘, explica.
Na avaliação do chefe do departamento de Organização do Sistema Financeiro do Bacen, não há como dizer se o consignado impulsionou a expansão dos correspondentes ou se os correspondentes impulsionaram o crescimento do consignado. ‘Foram movimentos que foram coincidentes e interagiram‘, avalia.
RAIO X (2005)
Correspondentes bancários
90.424
Operações de crédito realizadas pelos correspondentes
3.638.392 operações com R$ 10.628.704 em recursos
Fonte: Cássia Eponine – Hoje em Dia