Vítima de dois assaltos, síndrome do pânico, demissão, aposentadoria precoce e uma vida marcada pelo medo foram as recompensas que a bancária Jovina Aragão recebeu após 20 anos de trabalho como empregada do Unibanco, em Pernambuco. Ela é uma das tantas vítimas do descaso dos bancos na prevenção de assaltos e na proteção da integridade física e psicológica de trabalhadores e clientes. Sua história foi retratada em exposição de fotos, durante a 12ª Conferência Nacional dos Bancários, ocorrida nos dias 23, 23 e 25, no Rio de Janeiro.
Jovina era caixa em uma agência e sofreu dois assaltos durante o horário de expediente ao público. “O segundo foi muito violento”, conta o diretor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, João Rufino, que trabalhou com ela. Os eventos levaram a bancária a desenvolver a síndrome do pânico e a pedir diversos afastamentos do trabalho.
Algum tempo depois, foi demitida pela empresa. Com a ajuda do Sindicato, ela conseguiu a reintegração na Justiça, num processo que durou dois anos. Várias perícias médicas no INSS foram apontadas por Jovina como um de seus maiores sofrimentos. “Muitos peritos são grossos e não respeitam o trabalhador, tornando as perícias muito difíceis”, denuncia Rufino.
Hoje ela está aposentada, sem condições de trabalho. Não consegue sair de casa sozinha, toma cinco tipos de remédios e, às vezes, passa até três dias deitada, sem coragem de fazer nada. “Antes, eu tinha alegria, eu tinha saúde. Hoje, me sinto uma prisioneira. Não posso sair nem ter um lazer, pois de tudo tenho medo”, disse a ex-bancária em reportagem no site do Sindicato.
Para o dirigente sindical,”é uma história das injustiças que a violência trouxe. Violência de ser vitima de dois assaltos, de ser demitida pelo banco, da perícia medica no INSS”, resume Rufino, que também participara da Rede Vida Viva, projeto criado por uma rede de pessoas e sindicatos, muitos deles da CUT, para refletir, debater e construir propostas que contribuam com a luta dos trabalhadores por uma organização efetiva no local de trabalho. O site do projeto é www.projetovidaviva.com
A exposição é parte de uma das ações do projeto. A série de ensaios fotográficos chamada “Vivências” busca promover debates sobre as condições de trabalho e a vida de trabalhadores de diversos setores.
Estabilidade provisória
Para evitar demissões, como ocorreu com Jovina e outros tantos bancários, a 12ª Conferência Nacional aprovou a reivindicação de estabilidade provisória para vítimas de assaltos, sequestros e extorsões. A demanda será incluída na minuta nacional e levada para a mesa de negociações da Campanha Nacional 2010.
O período de estabilidade a ser reivindicado é de 36 meses, a contar a partir da data da ocorrência. Na hipótese de demissão, havendo processo judical com decisão favorável ao trabalhador, o prazo será contado a partir do trânsito em julgado.
“Queremos assistência médica e psicológica para vítimas da violência e, para tanto, a estabilidade provisória é fundamental, como forma de responsabilizar os bancos”, destaca o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.