As relações da candidata Marina Silva (PSB) com banqueiros vão muito além da família Setúbal, do Itaú. O tesoureiro de campanha de Marina é Álvaro de Souza, ex-presidente do Citibank no Brasil, ex-vice presidente mundial e para a América Latina do Citigroup.
Ele chegou a ser um dos sete principais executivos do banco estadunidense. Ocupou esses cargos entre 1993 e 2001, época de ouro da privataria tucana no Brasil, quando o Citibank tinha parcerias nas privatizações brasileiras, com o Banco Opportunity, de Daniel Dantas.
Souza já foi tesoureiro de Marina em 2010, retratado em uma reportagem na revista IstoÉ daquele ano como “O banqueiro de Marina”. A reportagem afirmava que ele intermediava encontros da candidata na Bolsa de Valores, com financiadores de campanha e com investidores estrangeiros em Nova York. Ainda de acordo com a publicação, o banqueiro confidenciava a colegas de campanha a surpresa com a boa receptividade da candidata entre as elites econômicas.
Como se vê, a construção do programa econômico neoliberal de governo de Marina Silva, prevendo Estado mínimo, rendição incondicional ao Consenso de Washington – já fracassado pelo desemprego e empobrecimento do povo – e a desregulamentação radical do mercado financeiro pelo Estado, através de um Banco Central independente, já tem mais de quatro anos de gestação entre banqueiros brasileiros e internacionais e Marina Silva.
Isso explica a adesão incondicional da candidata do PSB ao discurso do mercado financeiro, setor que conspira abertamente contra a reeleição de Dilma Rousseff. E explica a inusitada empolgação que Marina passou a provocar entre especuladores nas Bolsas de Valores. Saiu de campo a “nova política” e entrou o velho mercado.
Contradições
As contradições de Marina Silva não param de surgir. Em vez de lutar pela reforma política que proíba financiamento eleitoral privado por empresas, Marina, em gesto populista, diz não aceitar doações para a campanha de fabricantes de bebidas alcoólicas, fumo, armas e agrotóxicos. Mas aceita doações de bancos, holdings e sócios que investem em todos estes setores.
O caso de bebidas alcoólicas é o mais curioso, pois o tesoureiro de campanha de Marina, Álvaro de Souza, é membro do conselho de administração da cervejaria Ambev. Também já foi membro do conselho de administração da cervejaria Quilmes. Deixa eu ver se entendi: a fábrica não pode doar, mas quem dirige a fábrica pode arrecadar. Está cada vez mais complicado entender essa “nova política”.