As pesquisas de boca de urna após as eleições desse domingo (7) na Bolívia indicam que o atual presidente, Evo Morales, obteve a maioria dos votos – entre 61% e 63%. Segundo as sondagens, ele ainda teria aumentado o percentual de votos em regiões que foram fortes opositoras durante o seu primeiro mandato, como os departamentos da chamada “meia-lua” [região que reúne os estados de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando], no leste do país. As informações são da BBC Brasil.
Ainda ontem, Morales já afirmou que foi reeleito com respaldo popular recorde nas urnas e que o resultado mostra que o projeto de mudanças não é mais só de um partido, mas da maioria dos bolivianos. O líder disse ainda que o “triunfo dos bolivianos” é “um justo reconhecimento aos governos e povos anti-imperialistas”.
Se as projeções de boca de urna forem confirmadas, os votos para Morales terão aumentado em cerca de 10%. Em 2005, ele foi eleito com 53,7% dos votos. O novo mapa político indicaria que Morales teria recebido votos de diferentes classes sociais e não só das comunidades indígenas – que representam cerca de 50% do país.
Morales foi o primeiro indígena a chegar ao poder e agora pode ter sido reeleito com maioria no Congresso Nacional. Pela primeira vez na Bolívia, os eleitores foram recadastrados, subindo de cerca de 3 milhões para mais de 5 milhões. Houve ainda a estreia da votação no exterior e do sistema biométrico, com cada cédula de papel – mostrando foto, digital e assinatura do votante – ratificada na hora da votação. As mudanças não permitiram, porém, que a apuração oficial fosse acelerada.
Maioria no Legislativo
As projeções do resultado da votação deste domingo (6) na Bolívia indicam que o governo popular de Evo Morales conseguiu aquilo que mesmo seus aliados duvidavam, dentro e fora do país: além de reeleger o presidente no primeiro turno, conquistou maioria de mais de dois terços nas duas casas do Legislativo. A proeza foi facilitada pelo comparecimento excepcionalmente alto, de 94% dos 5,1 milhões de eleitores. veja o mapa.
Pela primeira vez Evo Morales terá maioria no Senado. Na composição atual ele conta com apenas 12 votos, contra 14 da oposição, sendo 13 da coalizão oposicionista Podemos.
Além disso, conforme a nova Constituição de refundação do Estado boliviano, a maioria de dois terços deixa o governo livre para aprovar os projetos legislativos de seu programa de mudanças.
Para o Senado o voto foi “em chapa”, ou seja, vinculado ao do presidente e do vice. O MAS (Movimento Ao Socialismo) de Evo conquistou 25 das 36 cadeiras, segundo as projeções (veja o gráfico). O PPB (Plano Progresso), do direitista Manfred Reyes Villa, deve ficar com dez senadores e a UN (Unidade Nacional) do centrista Samuel Doria Medina, com um.
Na Câmara o MAS projeta eleger 88 deputados, quatro a mais que a maioria de dois terços das 130 daceiras. O PPB ficou com com 40 assentos e a UN com quatro.
Reduto da oposição encolheu
O impressionante apoio do eleitorado se refletiu na votação para presidente. A opisição só ganhou no seu reduto de Santa Cruz e no departamento amazônico de Bení (veja o mapa).
Mesmo assim, Evo aumentou sua votação nos dois departamentos em relação ao plebiscito de agosto do ano passado. Alcançou 40% dos votos em Santa Cruz e 35% em Bení (Reyes Villas teve respectivamente 54% e 49%), sempre segundo as projeções.
Dois departamentos que em 2008 votaram com a oposição desta vez ajudaram a vitória de Evo: Tarija, onde o presidente teve 45% dos votos (contra 36% do seu oponente principal), e Chuquisaca, onde alcançou 54% (contra 28%).
Os departamentos andinos e indígenas que são a base do governo popular confirmaram a sua preferência. Em La Paz o escore foi de esmagadores 73% a 10%. Em Cochabamba, 66% a 23%. Em Oruro, 65% a 10%. Em Potosí, 68% a 6%.
No departamento amazônico de Pando, já na fronteira com o Acre, as projeções não permitem indicar um venedor: Evo e Reyes Villas aparecem empatados, com 47 dos votos cada um.
O resultado geral do 6 de dezembro aponta duas tendêncas: Primeiro, uma consolidação da popularidade do governo popular, antiimperialista e socializante. E segundo uma gradual porém sensível erosão da força oposicionista nos departamentos oposicionistas da chamada ‘Meia Lua’ (Santa cruz, Bení, Tarija e Pando).