AGÊNCIAS INTERNACIONAIS, FRANKFURT
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, anunciou ontem que vai começar a pôr em prática uma estratégia de retirada das medidas extraordinárias que têm sido usadas para injetar liquidez nos mercados. Com isso, o BCE se une a outros bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed), que afirmou fazer a retirada gradual dos pacotes de estímulo lançados para enfrentar a crise econômica.
Após a reunião do conselho do BCE, Trichet disse à imprensa que, “levando em consideração a melhora nas condições econômicas nos mercados financeiros, nem todas as medidas de injeção de liquidez serão necessárias como foram no passado.”
Nesse sentido, o presidente do BCE adiantou que os mercados financeiros descartaram a hipótese de que a entidade monetária prolongaria os estímulos para injetar mais liquidez, após um ano de crise. Trichet explicou, no entanto, que o órgão máximo executivo do BCE tomará a decisão em sua próxima reunião, no início de dezembro.
O euro subiu após as declarações de Trichet e recuperou a marca de US$ 1,49, cerca de 0,5% de valorização ante o fechamento de anteontem.
O presidente do BundesBank, Axel Weber, que é membro do conselho de governo do BCE, já havia mencionado, no início de outubro, que o BCE poderia colocar em marcha sua estratégia de saída no ano que vem, com a retirada das injeções ilimitadas de liquidez.
O BCE conduz, desde outubro de 2008, as operações de refinanciamento diante de um procedimento de leilões a juros fixos e mínimos, com o objetivo de dar liquidez a todos os bancos da zona do euro. Como medida extraordinária, o BCE introduziu injeções de liquidez durante um ano: a primeira em 24 de junho, a segunda, em 30 de setembro, e a terceira e última será no dia 15 de dezembro. Na primeira, foram colocados em leilão 442,2 bilhões durante um ano. Na segunda, os recursos caíram para 75 bilhões.
Trichet acrescentou que o conselho de governo do BCE vai retirar gradativamente as medidas extraordinárias de liquidez e assegurar que a liquidez proporcionada não traga ameaças à estabilidade de preços no médio e longo prazos. “As últimas informações apontam para uma melhora da atividade econômica na segunda metade de 2010.”
JUROS
Ainda ontem, o BCE decidiu manter inalterada em 1% a taxa básica de juros na zona do euro. Com os juros nesse nível historicamente baixo, o BCE quer apoiar a reativação econômica dos países que compartilham o euro, porque os bancos comerciais ainda enfrentam grandes riscos, que poderiam prejudicar a incipiente recuperação.
A instituição europeia informou, em Frankfurt, que também deixou inalterada a facilidade marginal de crédito, pela qual empresta dinheiro aos bancos, em 1,75%. O BCE manteve a facilidade de depósito, que remunera depósitos overnight em bancos centrais nacionais, em 0,25%.
Também o Banco da Inglaterra manteve pelo oitavo mês consecutivo, a taxa de juros na mínima histórica de 0,5% e comunicou que ampliará o valor do programa de emissão de liquidez para reativar o mercado creditício. Já o Sedalabanki (banco central) da Islândia, um dos países mais atingidos pela crise financeira, cortou a taxa de juros em um ponto porcentual, para 11%.