Estadão: G-20 diverge sobre reforma do sistema financeiro

O Estado de S. Paulo.

A China e Estados Unidos trocam farpas e evidenciam que, à medida em que a crise dá sinais de estar perdendo força, crescem as divergências entre os países do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) sobre como lidar com a reforma do sistema financeiro internacional. As diferenças ainda ocorrem à medida que, nos bastidores, os técnicos trabalham para tentar garantir, até o fim de 2009, o estabelecimento de um novo padrão sobre a liquidez dos bancos e, em 2010, um pacote global com novas regras para as instituições financeiras.

Durante o fim de semana, ministros de Economia se reuniram na Escócia, enquanto ontem começou na Basileia o encontro dos maiores bancos centrais do mundo, com a presença do presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles. Sob condição de anonimato, um dos participantes revelou ao Grupo Estado que o clima é de uma divergência cada vez mais pronunciada. A China vem sendo atacada pela desvalorização de sua moeda, o que está ajudando suas exportações. Mas cria um desequilíbrio ainda maior na economia mundial. Pequim deve terminar o ano como o maior exportador do planeta.

Pequim rejeitou as críticas e intensificou a troca de acusações, principalmente contra os países ricos. Para o presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve reforçar seu trabalho de monitoramento dos mercados financeiros e de política econômica nos países ricos. Quer ainda que países que contam com moedas que servem de parâmetro mundial se ocupem em não deixar que haja volatilidade.

Com isso, Pequim manda uma mensagem clara: no lugar de criticar a China, os Estados Unidos devem se preocupar mais em evitar uma desvalorização do dólar, freando uma nova desestabilização da economia mundial. Tanto na Europa como na América Latina e Ásia, a desvalorização do dólar vem tendo um impacto importante. Outra divergência ainda foi criada a partir da ideia do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, de taxar operações financeiras.

O tema ficou para ser discutido até abril. A proposta foi rejeitada pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner. “Isso não é algo que estamos dispostos a apoiar”, disse na Escócia, no sábado.

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