A greve nacional dos bancários iniciou na quinta feira, dia 24, em resposta ao fim das negociações e da proposta rebaixada dos banqueiros e do governo. A adesão ao movimento está muito boa, e em crescimento.
A greve é de consciência dos trabalhadores para defender seus direitos e avançar em conquistas. E, logo no início do movimento, a real postura dos bancos se demonstra nas ruas. Perseguições, ameaças, repressões ao livre exercício, constitucional, de greve, para reagir a falta de responsabilidade dos bancos em negociar nossas reinvidicações.
A recepção da Caixa Econômica Federal à Comissão de Esclarecimento de Greve do Sindicato dos Bancários do Ceará no edifício-sede da Caixa, principal prédio administrativo do estado, foi com dezenas de seguranças privados contratados para impedir o acesso dos manifestantes de entrar ou de sair do prédio. A empresa, que é o maior banco social do Brasil e um dos mais importantes na mesa da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), alega dificuldades financeiras para apresentar uma proposta melhor em mesa de negociação, mas para contratar seguranças armados para agredir e reprimir o movimento grevista não faltam recursos do lucro da Caixa.
Apesar do Comando de Crise, orgão criado pela Caixa para ser responsável por soluções em períodos de conflito, ter inicialmente mantido postura intransigente, antidemocrática e antisindical, o movimento insurgiu em constantes levantes para garantir o acesso de bancários que queriam entrar no edifício-sede da Caixa em Fortaleza.
O objetivo do acesso era apenas para conversar com os colegas no ambiente de trabalho e, caso convecidos, aderir a greve. Porém, o contigente repressor dos seguranças tinha como tarefa impedir os manifestantes de entrar, pois haveria possibilidade de aumentar a adesão ao movimento; e impedir aqueles bancários dentro do prédio de sair, caracterizando cárcere privado.
A Caixa apostou em um relaxamento da comissão de esclarecimento e não dimensionou corretamente a proporção do conflito criado por ela. É isso que dá não apostar no diálogo e na negociação. O acirramento de posições traz a insegurança, principalmente para os grevistas, funcionários da Caixa que, desarmados, seriam vitimados pela repressão.
A direção do movimento, composto por Carlos Eduardo Bezerra Marques, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Marcos Saraiva, que representa os bancários da Caixa do Nordeste na mesa de negociação permanente com a empresa, o companheiro Will, metalúrgico e diretor da CUT (Central Única dos Trabalhadores), José Eduardo e Plauto Macedo, diretores do Sindicato, procuraram o chefe da segurança da Caixa no Estado, que informou que o Comitê de Crise não cederia.
“Sem diálogo, contamos com a solidariedade do movimento sindical, que reforçou nossas posições para garantir o direito de greve e permitir a adesão de quem estava dentro do prédio”, afirma Carlos Eduardo. “Vieram os trabalhadores e dirigentes sindicais, das Centrais (CUT, CTB e Conlutas), Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telegráfos, Sindicatos dos Vigilantes, Sindicato dos Metalúrgicos, Sindicatos dos Téxteis e Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil”, destaca.
“Denunciamos o caso tempestivamente, através da imprensa escrita, televisiva e de internet, que deu grande cobertura ao fato. Contamos com parlamentares que nos auxiliaram na perspectiva de alçar diálogo com a empresa, como o deputado estadual e líder do Governo do Estado do Ceará, Nelson Martins, que já foi presidente do nosso sindicato e do deputado estadual Artur Bruno, que estava em sessão do plenário da assembléia e prontamente em seu discurso, denunciou o abuso”, ressalta o presidente do Sindicato.
“Por fim, o presidente da Contraf-CUT, companheiro Carlos Cordeiro, e o presidente da Fenae, Pedro Eugênio, foram juntamente com os citados anteriormente fundamentais para proteger a vida dos bancários e, através da nossa luta, levar a Caixa Econômica a recuar. Foram horas de desespero para muitos, mas de sobriedade da direção do movimento, que permaneceu firme, para fazer valer o direito de greve”, salienta Carlos Eduardo.
“A tentativa da Caixa de desmoralizar o movimento falhou, bem como sua intransigência e falta de diálogo na negociação. Permaneceremos vigilantes para fortalecer o movimento que é nacional e quer respeito por que, os bancos abusam e os bancários estão na luta por melhores condições de emprego, segurança, remuneração, saúde e igualdade de oportunidades”, conclui o dirigente sindical cearense.