Em Recife, 20 mil bancários e outros trabalhadores ocupam o centro

Bancários juntam-se a outras categorias em passeata com 20 mil no Recife

A luta contra o PL 4330, que regulamenta a terceirização ilegal, ganhou fôlego e cresceu no país inteiro. Nesta quarta-feira, 15 de abril, as paralisações e os protestos tomaram conta de pelo menos 23 estados e do Distrito Federal.

Em Pernambuco, houve paralisações dos bancários e de motoristas de ônibus, metroviários, professores… Durante a tarde, cerca de 20 mil trabalhadores tomaram as ruas da região central do Recife e fizeram uma grande passeata contra o PL da Terceirização.

A pressão feita em todo o Brasil, nas ruas e nas redes sociais, deu resultados. Em sessão movimentada, no início da noite, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acabou adiando para a semana que vem a votação dos destaques do PL 4330.

Durante todo o dia, várias agências bancárias foram paralisadas em Pernambuco. Embora o foco das atividades tenha sido a área central do Recife, várias outras unidades fecharam, inclusive no interior do estado. É o caso de Itapetim, Iguaraci e Arcoverde.

“Os bancários mostraram que estão dispostos a lutar contra este projeto, que escancara a terceirização e destrói os direitos trabalhistas. Muita gente fechou a agência, mesmo sem a presença do Sindicato no local…”, conta a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

Pela manhã, os bancários realizaram um ato em frente ao edifício Capiba do Banco do Brasil, na avenida Rio Branco. O protesto juntou vários bancários, que denunciaram o desastre que pode ser a aprovação deste projeto.

“O projeto permite, por exemplo, que um banco demita todos os seus funcionários e passe a contratá-los de outra empresa, sem os direitos conquistados com tanta luta”, explica a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Medeiros.

Durante a atividade, o Sindicato expôs em um painel o nome e o rosto de todos os deputados federais de Pernambuco que foram favoráveis à aprovação do texto-base da PL4330 (confira aqui). Ao mesmo tempo, desde a semana passada, o Sindicato e outras entidades, do movimento sindical e social, têm feito intensa campanha nas redes sociais para pressionar os parlamentares.

Passeata

Durante a tarde, os bancários se juntaram aos demais trabalhadores em um grande ato com ponto de partida na Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco). Se o primeiro ato contra o projeto, no início deste mês, teve cerca de 2 mil pessoas, este número multiplicou-se por dez, com 20 mil trabalhadores nas ruas.

“A repercussão que a aprovação do texto-base teve foi terrível. Uma grande onda de indignação tomou conta do país, como resposta dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Esse é um movimento que só tende a crescer”, opina o diretor do Sindicato, Expedito Solaney, que é secretário de Políticas Sociais da CUT Nacional.

Votação adiada

A pressão dos trabalhadores deu resultados. Muitos parlamentares que, na semana passada, votaram a favor do texto-base do PL 4330, manifestaram-se favoráveis à sua retirada de pauta.

Às 19 horas, a sessão foi interrompida quando o requerimento a este respeito, apresentado pelo PSD, estava prestes a ser votado. Na orientação das bancadas, havia equilíbrio numérico entre as que se posicionavam a favor ou contra a retirada de pauta da matéria.

Em reunião de gabinete com líderes partidários, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, firmou um acordo de procedimentos para transferir a votação dos destaques para a próxima quarta-feira, dia 22.

Segundo ele, o acordo prevê o compromisso de vários partidos (PT, PMDB, PSDB, PRB, PR, SD, DEM, PDT, PPS e PV) de votarem contra qualquer requerimento de retirada de pauta e sem obstrução de qualquer outra matéria que possa trancar a pauta nesse intervalo.

Para Jaqueline, presidenta do Sindicato, a ordem, agora, é reforçar a pressão: nas ruas e redes sociais. “Os movimentos sindical e social mostraram que têm força e que é possível reverter a derrota que significou a provação do texto-base do PL 4330 na semana passada. Vamos continuar mobilizados para enterrar de vez esta proposta indecente”, diz.

(Fabiana Coelho, Seec-Pernambuco)

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