Banrisulenses cobram soluções para demandas da pauta específica
O Comando dos Banrisulenses voltou a se reunir com o Banrisul nesta sexta, dia 16, em Porto Alegre, dando continuidade aos debates sobre a pauta específica dos trabalhadores. O banco não trouxe respostas sobre os itens discutidos na última negociação como havia se comprometido com o argumento de que não foi realizado, neste tempo, nenhuma reunião da diretoria. A Contraf-CUT foi representada pelo secretário de Assuntos Socioeconômicos, Antonio Piroti.
Os representantes dos funcionários reafirmaram que o banco precisa apresentar avanços concretos na pauta. Já os integrantes da comissão de negociação do Banrisul acreditam que em muitos pontos não haverá problema e afirmaram que a discussão ocorrerá em reunião da diretoria nesta segunda-feira, dia 19.
Também se comprometeram de trazer uma resposta na próxima negociação, na sexta-feira, dia 23, quando serão discutidos itens relativos à saúde e segurança.
Processos seletivos internos
Os banrisulenses exigiram o fim dos critérios subjetivos utilizados atualmente nos processos seletivos internos e na análise de perfil. Lembraram que muitos funcionários não compartilham das mesmas oportunidades de outros.
O banco confirmou a existência de problemas no atual processo e concorda que os critérios subjetivos não são bons nem para os trabalhadores, nem para a instituição.
Mesmo assim, o Banrisul alega que não é possível extinguir a análise de perfil, mas admite utilizar critérios como tempo de serviço e formação. Os bancários ficaram de apresentar e discutir, em uma próxima reunião, as diretrizes que deverão ser seguidas nos processos seletivos internos.
Corte de letras
Os banrisulenses cobraram que o tempo de banco seja considerado para concorrer às promoções, para todos os que sofreram sobreposição de letras e estão impedidos ao devido pagamento das diferenças entre as letras que foram extintas.
O banco reconheceu que é uma reivindicação justa, mas só se compromete de evitar que isto ocorra de agora em diante. “Essa é uma das prioridades da Campanha Salarial deste ano e não vamos deixar de lutar pela aprovação da cláusula na íntegra. Se o Banrisul reconhece o problema, precisa enfrentá-lo”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Mauro Salles.
Os bancários consideram a atitude do banco, em 2010, uma grande injustiça, pois as pessoas não foram promovidas e o quadro que teve letras suprimidas. Para os sindicalistas, os funcionários não podem ser prejudicados porque o quadro está estagnado. Quanto ao pagamento do enquadramento de 2010, o banco ficou de levar o assunto à diretoria e realizar uma análise do impacto financeiro.
Pagamento das promoções
O banco se comprometeu de divulgar o pagamento das promoções até março e realizar o pagamento até abril. Entretanto, não houve acordo quanto ao fim da restrição do número de vagas, considerado fundamental para os representantes dos funcionários. Segundo o banco, esse debate será realizado junto ao do Plano de Carreira.
Terceirização e correspondentes bancários
O Comando reafirmou a posição de que as terceirizações e os correspondentes precarizam o emprego dos bancários e criam insegurança aos clientes. Lembraram ainda que isto não condiz com o discurso da atual gestão, de priorizar o atendimento.
Segundo o banco, houve um retrocesso nas terceirizações e vários contratos que estão vencendo não serão renovados. Entretanto, não se comprometeu a dar um fim imediato a todas as terceirizações.
Quanto aos correspondentes bancários, os negociadores do Banrisul afirmaram que estão abrindo mais agências e este é um assunto que cabe ao Banco Central e ao Sistema Financeiro Nacional.
Estagiários
Os bancários exigiram que o banco cumpra com o piso estipulado na Convenção Coletiva Nacional dos Bancários para a contratação de estagiários e que eles não sejam mais usados nas retaguardas de caixas e outras funções, que só devem ser realizadas por bancários. Os trabalhadores lembraram que alguns estagiários realizaram operações como TED, pelo Banrifone.
O banco argumentou que novos funcionários estão sendo contratados com este fim. Quanto ao piso, o banco informou que atualmente está com uma ação tramitando no Superior Tribunal Federal (STF) sobre o assunto.
Diversidade de gênero
O Comando reivindicou a criação de um Grupo de Trabalho para apontar diretrizes que resolvam os problemas de desigualdade de gênero e raça dentro do banco, como também ampla divulgação de pesquisas sobre o assunto realizadas pela Fenaban. O banco concordou com o pedido.
“Aumentou o número de mulheres em cargos de chefia, mas o número ainda é pequeno. Se falarmos dos negros, esse número é ainda menor. Conscientizar as pessoas da desigualdade também é uma forma de combate ao assédio moral e sexual”, explica a diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, Denise Corrêa.
PROMOVE
O Comando exigiu que o banco crie um sistema mais transparente nas movimentações pelo PROMOVE, pois muitos funcionários ficam anos esperando transferência. Pediram que o Banrisul divulgue, mensalmente, um relatório para conferência das entidades sindicais.
O banco afirmou que as informações serão disponibilizadas futuramente na página do banco e que ficarão disponíveis para todos os funcionários. Se comprometeu a colocar o projeto no ar até novembro.
Democratização do Banrisul
Os bancários cobraram a realização de eleição direta para diretor represente dos funcionários e para o conselho dos representantes. O banco ficou de levar o debate para a diretoria. Os bancários afirmaram que é preciso vontade política do banco para implementar a reivindicação, pois outras estatais já possuem regulamentação semelhante.
Ampliação de licença-paternidade
O movimento sindical trouxe a proposta de ampliação da licença-paternidade de cinco para 30 dias, conforme a minuta nacional. Ficaram de encaminhar o assunto para a diretoria.
Licença para adoção
O movimento também defendeu a licença para adoção de seis meses extensivo para casais homoafetivos, independente do gênero, inclusive para funcionários solteiros. Os negociadores concordaram com a cláusula, porém irão levar o assunto à diretoria e darão retorno na próxima reunião.
Outros temas
O banco aceitou incluir sogras e sogros nas licenças por falecimentos, mas por um período menor do que o reivindicado pelo movimento sindical, de seis dias.
Sobre a realização de um novo concurso público, o banco disse que está chamando 1350 funcionários e já tem aprovada a contratação de outros mil concursados para 2012. O Banrisul também se mostrou favorável quanto à extensão da licença maternidade para seis meses para casais homoafetivos.
“Na próxima semana, estaremos construindo atividades de mobilização da Campanha, com reuniões nos locais de trabalho, um ato entre a Caixa Econômica Federal e o Banrisul, na Praça da Alfândega e uma assembleia, na Igreja Pompeia, em Porto Alegre. Só com mobilização avançaremos na nossa luta”, concluiu Mauro.