Em 30 anos, planos de saúde custarão mais da metade da renda, diz Idec

Daqui a 30 anos, os planos de saúde terão subido 126,67% acima da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), revelou estudo feito pelo Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e Associação Procon-SP.

O estudo projetou os custos das mensalidades dos planos levando em conta os reajustes feitos nos últimos dez anos pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). No período, os preços dos planos ficaram 31,36% acima da inflação.

Se mantidos os reajustes concedidos pela agência e mantendo a inflação em cerca de 4,5% ao ano, os órgãos de defesa do consumidor calculam que, no futuro, mensalidades dos planos serão impagáveis.

Impactos dos reajustes

Na projeção, as entidades partiram de um exemplo: um consumidor de São Paulo, de 30 anos de idade, com salário de R$ 3 mil. O plano contratado por ele considera gastos com enfermaria, cobertura nacional ambulatorial e hospitalar. Hoje, esse consumidor paga R$ 180,74 pelo plano – esse valor compromete cerca de 6% de sua renda.

Daqui a 30 anos, mantidas as condições atuais, esse plano custará cerca de R$ 6.088,44 por mês, já considerando o reajuste por mudança da faixa etária. No período, o salário desse consumidor subiu para R$ 11.250. Nesse caso, o comprometimento da renda é de cerca de 54%.

Discussão

A projeção foi encaminhada à ANS e as entidades pedem revisão na metodologia de reajuste a fim de que ela considere a capacidade de pagamento dos consumidores.

“Qualquer metodologia de reajuste que se almeje construir tem que ser adequadamente estruturada, a fim de que se deixe de buscar soluções apenas imediatistas para o setor de planos de saúde”, disse, por meio de nota, a advogada do Idec, Daniela Trettel.

As entidades também acreditam que seja imprescindível que a revisão do método de reajuste envolva os planos coletivos, que hoje representam 70% do mercado.

“A falta de regulação adequada para este tipo de contrato resulta em reajustes abusivos e, consequentemente, na rescisão unilateral de contratos”, considerou ainda a advogada.

Para a ProTeste – Associação dos Consumidores, a agência deveria adotar critérios mais objetivos na metodologia de reajustes, como o nível de renda e a capacidade de pagamento dos consumidores.

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