A zona norte de São Paulo está sem duas agências do Itaú desde 5 de junho, por falta de trabalhadores. “O banco desrespeita funcionários e deixa a população da Casa Verde na mão, enquanto se importa em aparecer uma instituição exemplar nas propagandas da Copa”, afirma Márcia Basqueira, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Representantes do Sindicato entraram em contato, em 21 de maio, com a área de Relações Sindicais da instituição para solicitar, pelo menos, mais um funcionário nas agências do Jardim São Bento, da Rua Domingos Fasolari, e na unidade da Vila Baruel, da Avenida Casa Verde. As duas tinham somente um caixa e um gerente operacional no quadro funcional.
Passados 15 dias sem atendimento da reivindicação, as atividades das agências foram paralisadas por falta de condições mínimas de atendimento.
Desumano
O funcionário que fica sozinho na bateria de caixa tem de administrar duas filas, a única e a preferencial. “Visitei as agências e os clientes reclamaram muito. Nos dois lugares, disseram ser desumano o que o Itaú faz com o empregado”, conta Márcia.
A defesa do direito de pausa também é preocupação da dirigente sindical. “Uma questão é se o gerente operacional estava conseguindo cumprir seu horário de almoço entre a quarta e a sexta hora como determina a legislação. Se ajuda no caixa, é impossível manter toda a demanda da agenda do seu cargo em ordem”, analisa Márcia.
Para a diretora do Sindicato, nesse cenário, é nula a possibilidade de cumprimento de metas e de avaliações positivas, pois as atribuições são inúmeras. “O gerente operacional precisa atender telefonemas, administrar o numerário da agência e a operacionalidade dos caixas eletrônicos, manter a comunicação visual da agência em ordem, não ter reclamação de clientes, atender as demandas da área comercial, ter qualidade nos serviços para não ser mal avaliado no Compliance (auditoria), administrar o resultado do Agir (programa de avaliação do banco) – pois se não entregar será taxado como funcionário que não tem foco no resultado”, salienta.
“Além de tudo isso, o Itaú ainda pressiona para que o gerente trabalhe para a ampliação do autoatendimento. Tudo isso sem horas extras. Como ter foco na qualidade e no resultado com esse cenário?”, questiona.
Não dá
Entre janeiro e março deste ano, o Itaú fechou 733 postos de trabalho em todo o Brasil. Em um ano, foram 2.759 vagas a menos. Enquanto isso, no primeiro trimestre, o lucro do Itaú cresceu 29% em relação aos três primeiros meses de 2013, atingindo R$ 4,529 bilhões.
Márcia Basqueira destaca que a reivindicação é por mais trabalhadores. “Se dados da produção global mostrassem que não há fluxo para contratação de mais um trabalhador em cada uma dessas agências, então os quesitos do Agir deveriam ser revistos, porque assim não dá. Nessas unidades não há condições de trabalho”, ressalta.
“Os funcionários estão expostos a um ambiente tenso e não conseguem cumprir seu horário de almoço de maneira adequada. Queremos mais funcionários”, resume.
Outro ponto questionado é o envio de trabalhador de outra agência para aquelas unidades para cobertura do horário de almoço. De acordo com a dirigente sindical, o sistema não permite que o bancário reabra o terminal da sua unidade de origem.