Durante o seminário sobre terceirização, que o Sindicato dos Bancários de São Paulo promove nesta sexta-feira, dia 27, será lançado o documentário Terceirização no Sistema Bancário, filme de 30 minutos realizado pelo Instituto Observatório Social.
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Por meio de depoimentos de dirigentes sindicais, trabalhadores do setor, procuradores do Trabalho e estudiosos do assunto, o filme traça um painel do processo de terceirização nos bancos, chamado por especialistas de “terceirização à brasileira”.
O documentário mostra que a terceirização do sistema financeiro no Brasil começou na década de 1990, com a abertura econômica do governo Collor de Melo. Uma das entrevistadas, a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, explica como o fim da inflação alta no país provocou uma mudança no foco do sistema financeiro.
No período da inflação, diz Juvandia, os bancos ganhavam em cima da aplicação do dinheiro dos clientes. Era interessante, por exemplo, que as pessoas pagassem suas contas nas agências. Mas com o controle da inflação as instituições mudaram o foco, que passou a ser a venda de produtos e serviços. “Os bancos começaram a abrir correspondentes bancários para baratear um serviço que eles não tinham mais interesse de fazer”, esclarece.
Precarização do trabalho
“A terceirização foi a grande oportunidade que os empregadores encontraram para flexibilizar as relações de trabalho no Brasil”, afirma em depoimento a diretora executiva do Sindicato Ana Tércia Sanches, cuja tese sobre o tema serviu de base para o documentário. “Se isso (flexibilização) não foi feito por meio da legislação, como eles (os empregadores) gostariam, foi feito através das práticas de terceirização.”
Ela acrescenta que foi dessa forma que os empresários conseguiram derrubar direitos que uma categoria forte e organizada como a dos bancários conquistou ao longo de décadas de luta. O terceirizado, que não é enquadrado como bancário apesar de realizar os mesmos serviços, recebe menos, trabalha mais e não usufrui de direitos como PLR e auxílio-creche. “Mas esses trabalhadores realizam atividades que na ponta geram o lucro do banco e têm de ser respeitados”, critica.
Realidade
Mas as condições de trabalho dos terceirizados são o oposto do que se entende por respeito. Resguardando suas identidades, o documentário inclui depoimentos de alguns desses trabalhadores.
“A gente digita sem pausa durante seis horas, para 30 minutos pro lanche e volta ao trabalho. Cheguei a ficar até 12 horas digitando. Eles dizem que pra ir ao banheiro só em caso de urgência. Não deixam a gente conversar. Se você vai ao banheiro e demora o chefe vai atrás. E dá bronca”, conta um terceirizado.
E antes era pior, diz ele. “Meu horário era de 10h às 11h (23h), agora é só até as 10h (22h), e a gente não recebia VA nem VR.” São direitos mínimos que foram conquistados, diz ele, depois de greves e paralisações.
Mesmo sem ter a representação legal desses trabalhadores, o Sindicato ajuda a organizá-los, reforça Juvandia. “A gente representa de fato”, diz.
Exibição
O documentário conta ainda com depoimentos do presidente da CUT, Artur Henrique, do deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT-SP), ex-presidente do Sindicato, do secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf/CUT, Miguel Pereira, e do procurador do trabalho, Rodrigo Carelli, entre outros.
A exibição será às 9h, após o credenciamento dos participantes do evento.