Ao se dirigir à nata do mercado financeiro internacional, no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, a presidenta Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira (24) o potencial dos países emergentes – em relação à crise que atinge as economias centrais – e fez um apelo para que os donos do capital mundial apostem em investimentos de médio e longo prazo no Brasil.
Essa é a primeira vez que Dilma participa do Fórum desde que assumiu a Presidência da República, em 2011. Segundo analistas ouvidos pela Rede Brasil Atual (RBA), o objetivo da presidenta, com a ida, foi barrar um possível ataque à economia brasileira por parte dos especuladores internacionais, com retirada massiva de recursos em curto prazo, e também oferecer garantias para um eventual segundo mandato.
“É natural que em um ambiente de crise, contaminados pelos efeitos mais diversos, muitas ações acabem avaliando apenas a dimensão temporal, mas à medida que a crise está se dissipando é imprescindível resgatar o horizonte de médio e longo prazos como suporte às ações necessárias para o crescimento de diferentes economias”, disse ela.
Dilma frisou a importância de se olhar para as economias emergentes, que constituem dinâmicos mercados internos, com bilhões de consumidores. “Estamos nos tornando uma nação dominantemente de classe média, onde 36 milhões de homens e mulheres foram tirados da extrema pobreza, 42 milhões ascenderam à classe media, que passou de 37% da população para 55%, desde 2003.”
“Criamos [no Brasil] um grande mercado interno de consumo de massa. Somos hoje um dos maiores mercados para automóveis, computadores, celulares, fármacos e cosméticos, mas apenas 47% dos domicílios têm computador, apenas 55% dos domicílios possuem máquina de lavar roupa automática, 17% têm freezers e 8% TV plana, evidenciando o tamanho da demanda ainda a ser atendida e as oportunidades de negócio a ela associadas”, disse.
“Ainda que as economias desenvolvidas mostrem recuperação, as economias emergentes continuarão a desempenhar um papel estratégico, porque o horizonte de oportunidade dessas economias apontam em outra direção, na direção das oportunidades”, afirmou a presidenta. Segundo ela, no Brasil a inflação sob controle e o equilíbrio de contas públicas são essenciais para a estabilidade financeira.
“Nos últimos anos perseguimos o centro da meta do regime monetário. A experiência que tivemos das elevadíssimas taxas de inflação, nos anos 80 e 90, nos ensinou que a estabilidade da moeda é hoje um valor central do nosso país.” A presidenta ainda destacou o crescimento da renda per capita no país e o aumento do número de postos de trabalho. “Criamos grande mercado interno de consumo de massas, mas sabemos que ainda é grande a demanda a ser atendida.”
Ao citar as manifestações ocorridas em junho passado, Dilma afirmou que hoje cidadão tem novas esperanças, desejos e demandas.
“Sabemos que democracia gera desejo de democracia e que inclusão social e qualidade de vida desperta anseio por mais e melhores serviços. É necessário transformar essa energia do povo brasileiro em realizações para todos”.
Em seu discurso, Dilma ainda citou os investimentos nas áreas de saneamento, transporte, sistema portuário e concessão de rodovias.
“Em 2014 faremos primeiro leilão para concessão de rodovias, para um trecho do centro-oeste brasileiro. Outros trechos serão implementados também, porque um dos maiores desafios do país é construir uma malha rodoviária compatível com o tamanho do Brasil.”
O primeiro leilão do pré-sal, do Campo de Libra, que deve mobilizar investimentos diretos de cerca US$ 80 bilhões, também foi destacado por Dilma, assim como a decisão histórica de destinar 75% dos royalties do petróleo para educação.
“Isso vai nos permitir fazer ainda mais, vamos transformar a riqueza finita do petróleo em um patrimônio perene para a nossa população”, completou.