Dia da Consciência Negra: símbolo da luta contra a discriminação e pela igualdade

Mais trágica e vergonhosa herança da história do Brasil, os mais de três séculos de escravidão estão na raiz das injustiças e desigualdades sociais e econômicas que emperram o pleno desenvolvimento do país, a despeito dos avanços conquistados pelos trabalhadores e pelos movimentos sociais em décadas de lutas. Por isso o 20 de novembro, aniversário da execução de Zumbi dos Palmares, foi reconhecido pela sociedade brasileira como Dia da Consciência Negra, como símbolo da luta pela erradicação da injustiça e do preconceito e pela igualdade de direitos entre os homens e mulheres de todas as raças.

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O exemplo do preconceito e da discriminação contra os negros que persistem na sociedade brasileira está escancarado do Mapa da Diversidade, a pesquisa nacional realizada em 2009 pela Febraban com 214 mil bancários de todo o país, em parceria com os sindicatos.

Apenas 2,3% dos bancários são negros. A grande maioria da categoria (77,4%) é composta por brancos. Outros 16,7% são pardos, 3,3% são amarelos e 0,3% são índios. Além de minoria que contrasta com a formação da força de trabalho no país, os negros também sofrem a discriminação na remuneração e na ascensão profissional. O homem negro recebe 84% do salário do homem branco, enquanto a mulher negra recebe 68%. Os cargos de diretoria e superintendência são ocupados por apenas 4,8% de negros e pardos.

Por isso a Igualdade de Oportunidades é uma das bandeiras prioritárias da categoria bancária, que na campanha nacional de 2009 produziu importantes avanços. Entre eles a retomada da mesa temática sobre Igualdade de Oportunidades e a fixação de diretrizes para o Programa de Valorização da Diversidade, entre as quais a democratização do acesso à população negra nos bancos. “Queremos acabar com qualquer tipo de discriminação nos bancos e promover a diversidade e a igualdade de oportunidades para todos os bancários, independente da cor, do gênero, da orientação sexual”, afirma Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Zumbi e do Dia da Consciência Negra

O texto abaixo foi produzido pela historiadora Amélia Hamze e extraído do site www.brasilescola.com:

Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência anti-escravagista. Pesquisas historiográficas indicam que Zumbi nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com 15 anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. Zumbi significa “a força do espírito presente”. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.

O nome Palmares foi dado pelos portugueses, devido ao grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador português. Os quilombos, que na língua banto significam “povoação”, funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.

O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi era tido como eterno e imortal, e reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.

A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9 mil homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares.

“O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife, onde foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.

A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, para compreender a importância do negro na formação da sociedade nacional e suas contribuições nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

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